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Dança do varão, matraquilhos e poker nos Jogos Olímpicos?
A tradição dos Jogos Olímpicos remonta até aos tempos da Antiga Grécia, tendo começado aproximadamente 776 anos antes de Cristo. Mas cerca de 3 mil anos depois, modalidades que ninguém imaginaria na mais antiga competição desportiva do mundo podem mesmo chegar ao metafórico pináculo do Olimpo. Afinal, a GAISF (Associação Global de Federações Internacionais de Desporto) tem vindo desde 2017 a observar de forma oficial três novos candidatos à qualificação olímpica.
Se nunca pensou que o poker, o futebol de mesa (matraquilhos), ou a dança do varão pudessem ser considerados desportos ao nível do atletismo ou da natação, saiba que a inclusão olímpica destas novas modalidades é menos improvável do que parece. O presidente da GAISF, Patrick Baumann, confirmou que a WADA (Agência Mundial Anti-Doping) já se encontra a trabalhar em conjunto com a IFMP (Federação Internacional de Poker Competitivo) para avaliar o potencial atlético do popular jogo de cartas. Contactos análogos foram também estabelecidos com associações oficiais de futebol de mesa e de dança do varão.
Provável inclusão terá de esperar pelo menos mais 4 anos
Para já, sabe-se que as três modalidades citadas não estarão presentes nos Jogos Olímpicos de 2020, que terão lugar em Tóquio, no Japão. As Olimpíadas de 2020 ficarão no entanto marcadas pela presença de 4 novas modalidades e pelo regresso de 2 modalidades anteriormente excluídas. O karaté, o skate, o surf, e a escalada desportiva são os estreantes, enquanto que o basebol e o softbol voltarão ao circuito após 8 anos de exclusão.
A muita aguardada primeira presença do karaté será surpresa para poucos; afinal, haverá melhor lugar para a popular arte marcial se estrear do que a fascinante cidade de Tóquio? Menos previsível é a aposta nítida em desportos radicais, que pode indicar uma mudança de mentalidade por parte das instituições olímpicas oficiais. O apelo pode ser comercial: milhares de atletas profissionais e amadores em todo o mundo se dedicam a estes desportos, que estão igualmente associados a patrocínios de grandes marcas e que são de forma extensiva alvo de transmissões televisivas.
Tal como os desportos radicais, as modalidades da dança do varão, do poker, e do futebol de mesa podem ajudar os Jogos Olímpicos a conquistar uma série de novos adeptos e a aumentar o potencial da sua comunicação. A mais velha instituição do mundo procura renovar-se de quatro em quatro anos, inserindo-se cada vez mais num mundo em que o interesse dos espectadores se vai esfumando. Os Jogos Olímpicos deixaram de ter a mesma capacidade para “parar” o mundo, sendo que a sua popularidade foi mesmo ultrapassada pela de vários outros eventos desportivos, como o Super Bowl ou o Campeonato do Mundo de futebol.
Poker e dança do varão podem ajudar a atrair novas audiências
O poker competitivo é cada vez mais popular em todo o mundo, em muito motivado pelo crescimento impressionante do poker online. Assim, o poker pode ajudar a valorizar o impacto mediático dos Jogos Olímpicos de forma bastante significativa. Além disso, a sua inclusão poderia constituir o primeiro passo dado na direcção do re-estabelecimento de modalidades de cariz mental nos quadros olímpicos, facto que não se tem verificado desde que o xadrez foi excluído. Tornar o poker num desporto olímpico pode ainda contribuir para uma futura inclusão de uma nova indústria que movimenta biliões de dólares todos os anos: os e-sports.
A dança do varão pode surtir o mesmo efeito que o poker – ainda que com menor relevância – mas destaca-se enquanto provável modalidade olímpica principalmente por ser objectivamente semelhante a muitos dos desportos que já possuem estatuto olímpico. Por vezes injustamente visto como um desporto “menor”, a dança do varão é avaliada segundo um número de factores físicos, desportivos, e artísticos que podem ser comparados àqueles associados à patinagem artística. O futebol de mesa, por sua vez, encaixa-se na categoria do ténis de mesa, que é já um desporto olímpico.
Dificuldades e requerimentos obrigatórios
Apesar de se encontrarem em observação pelo GAISF, as modalidades da dança do varão, dos matraquilhos, e do poker ainda têm um longo caminho pela frente até de facto marcarem presença numa edição dos Jogos Olímpicos. Terão, à partida, que obedecer a todos os requerimentos obrigatórios, o que pode ser bastante complicado. Para figurar no quadro olímpico, um desporto tem que ser praticado por homens de pelo menos 75 países, em 4 continentes diferentes, e por mulheres de pelo menos 40 países, em 3 continentes diferentes. Além disso, para que uma nova modalidade entre nos Jogos Olímpicos, é necessário que uma “velha” modalidade seja excluída; ou seja, existe um limite de diferentes desportos que podem ser associados à competição. Além disso, enquanto que o xadrez – excluído por ser um desporto apenas do foro mental – não fizer um regresso, é bastante improvável que actividades não-físicas como o poker possam vir a ter a sua primeira oportunidade.
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