V.N. de Famalicão
Video▶ Leica desenvolve produto 100% português
Em Ribeirão, no concelho de Famalicão, nascem uns binóculos totalmente desenvolvidos em solo português. São da Leica e corporizam a fase de ascensão da unidade portuguesa da empresa alemã de produção de câmaras e lentes óticas, graças ao Centro de Competências e Serviços.
O projeto começou “com duas pessoas, em 2016, de forma autónoma e ainda sem a aprovação da casa mãe, com o objetivo de a conquistar”, recordou Pedro Oliveira, administrador da empresa, que reconhece um percurso feito de “coisas bastante mal feitas”, de “alguns erros fruto da imaturidade”. “Sofremos das dores de crescimento, mas depois percebemos que era o melhor que podia ter acontecido”.
E depois de “aprender como não fazer”, fruto da saída da área de conforto, a Leica Portugal galgou fronteiras e criou este novo produto, num investimento que “rondou os 2,5 milhões de euros”. Por ano serão produzidos “1500 binóculos”, com preço unitário a ultrapassar os mil euros.
O produto sai de Famalicão testado, pronto a ser utilizado pelos consumidores e já disponível nas mais de 70 lojas que a marca tem, incluindo a do Porto, na Rua Sá da Bandeira. Fazem parte da gama “Trinovi” e são inspirados no monóculo que a Leica desenvolveu para a Missão Apollo 11, que permitiu a Neil Armstrong ser o primeiro humano a pisar a Lua.
O desafio agora é olhar em frente e com mais ambição, a partir do novo Centro de Competências, que tem como objetivo “posicionar esta unidade num nível estratégico para o grupo a nível mundial com um peso muito maior”. “Mais do que trazer minutos, ou seja trazer um produto que vamos produzir qualquer coisa e admitir mais meia dúzia de pessoas, nós estamos focados em trazer competência, porque não queremos assegurar o amanhã, mas sim a próxima década ou a próxima geração”, sublinhou Pedro Oliveira.
Na calha estão já protótipos ao nível de objetivas, lentes e produtos óticos, que poderão representar novos produtos a lançar, o mais tardar, em 2021.
O administrador salienta a capacidade da unidade portuguesa de “marcar a diferença no time to market, fator que é tão importante quando tem a competência de criar e industrializar”. “Isto significa que, se não a tivéssemos, a Leica Portugal teria, certamente, um futuro muito menos risonho pela frente”.
Ao abrigo do Roteiro pela Inovação, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão foi conhecer os novos projetos da empresa. Para Paulo Cunha, o que testemunhou são “sinais inequívocos de que o que está a ser feito nesta unidade dá condições para ambicionar que Famalicão chegue ainda mais longe, no futuro”. “Sabemos que o nosso concelho tem uma marca industrial muito forte, mas também há espaço para a inovação e para a criatividade”, atestou.
A Leica decidiu transferir também para Ribeirão o Centro de Reparação de Produtos da área SPORTOPTICS que, pela primeira vez em 171 anos de existência, sai de território alemão.
A Leica inaugurou as suas novas instalações em Ribeirão, em 2013. Dos cerca de 600 trabalhadores que emprega, 343 estão na empresa há mais de 20 anos e 142 há mais de 30. No último ano fiscal, registou um volume de faturação de 52 milhões de euros.
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