V.N. de Famalicão
Câmara leva cultura à população vulnerável, espalhando-a pelas freguesias
Depois de ser obrigada a reestruturar o projeto, devido à pandemia de Covid-19, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão preparou um ano 2021 recheado através do “Há Cultura | Cultura para Todos”, que é cofinanciado pelo NORTE 2020, através do Fundo Social Europeu (FSE).
Com um investimento de cerca de 270 mil euros para executar “cerca de 60 por cento das atividades totais previstas” e possíveis no contexto pandémico, a autarquia vai colocar no terreno 17 ações, repartidas por três tipologias de operação, e distribuídas pelo concelho de Vila Nova de Famalicão, prevendo a participação direta e indireta de “400 pessoas”. A intenção é, segundo o vereador da Cultura da autarquia, Leonel Rocha, “capacitar públicos mais vulneráveis”, para criar “sensibilidade artística nas comunidades”.
A primeira, “Ações de Dinamização e Práticas Artísticas e Culturais”, vai envolver várias entidades culturais, assim como agrupamentos escolares e comissões sociais interfreguesias, para a execução de dez ações de dinamização de práticas artísticas com grupos vulneráveis, e comunidade, em regime de cocriação. Estão em cima da mesa propostas distribuídas por várias expressões artísticas, como arte urbana, teatro, dança, artes circenses e música, através do envolvimento d’A Casa ao Lado, ACE Escola de Artes, Aldara Bizarro, Companhia Instável, Fértil Cultural, Instituto Nacional de Artes do Circo, Momento Artistas Independentes, Ondamarela e Teatro da Didascália.
Na segunda tipologia, “Ações de Intermediação”, o “Há Cultura | Cultura para Todos” prevê a execução de cinco iniciativas, “com vista ao favorecimento de atitudes e capacidades de aprendizagem básicas, profissionais, sociais e pessoais, junto de grupos vulneráveis, recorrendo designadamente à inclusão de conteúdos e ou práticas artísticas”. O “Laboratório Cívico de Inovação Cultural” a acontecer na Via Ciclo-Pedonal Famalicão-Póvoa de Varzim; o “Centro de Cultura Digital (CCD) – Empreendedorismo Juvenil pela Música Eletrónica”, dinamizado no Bairro da Cal, o “Encontro Arte e Comunidade” e o “Atelier de Música Colaborativa” são as ações programadas.
Noutro âmbito, o projeto prevê a dinamização de “ações de desenvolvimento de projetos que concorram para a melhoria do acesso à cultura e à arte. O “Cinema Paraíso”, uma parceria com o Cineclube de Joane, é uma delas e garantirá cinco sessões de cinema em cinco freguesias do concelho, enquanto o “Allegro Para Todos”, desenvolvido pela ARTAVE / Artemave – Associação de Promoção das Artes e Musica do Vale do Ave, vai “promover o desenvolvimento de capacidades básicas de aprendizagem através da música, junto de crianças portadoras de deficiência ou com outros tipos de perturbação”.
Na conferência de imprensa, realizada tendo em conta a nova realidade pandémica, através de uma reunião online a 21 de janeiro, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, referiu que o “Há Cultura | Cultura para Todos” é um “projeto ambicioso, porque tem o propósito de criar condições para que cada vez mais famalicenses tenham acesso e fruição da cultura”. E, neste plano, destacou o autarca, há uma dimensão a destacar: a possibilidade de “formação de novos agentes culturais”, abrindo portas para a escalada do município na pirâmide do progresso. “Não é por acaso que várias instituições neste setor têm vindo para cá exercer a sua atividade. Queremos ser atrativos para eventos e agentes culturais”, salientou Paulo Cunha, convencido de que Famalicão está no caminho de saltar mais um “patamar civilizacional”.
E para esse objetivo, acrescentou, é fundamental “diminuir diferenças entre cada pedaço de território”, nomeadamente no que à descentralização diz respeito. Por isso, anunciou, a autarquia tem em marcha um plano de reforma de infraestruturas espalhadas pelas freguesias, entre as quais “juntas de freguesia e centros paroquiais”, criando “condições” para que “possam receber atividades culturais”.
Para além do que este projeto pode dar à população, principalmente à mais vulnerável, é importante destacar, na ótica do vereador da Cultura, Leonel Rocha, o “balão de oxigénio” que o financiamento dará às entidades culturais, fortemente afetadas pela pandemia de Covid-19. “Este é daqueles projetos que vêm a calhar e na hora certa para os artistas, que nos agradeceram por não desistirmos da cultura”, sublinhou.
Leonel Rocha sublinhou ainda que, apesar de ter “necessidade de alocar verbas” para o “combate à pandemia”, a Câmara Municipal “olhou sempre para a Cultura como área a acarinhar, tendo em conta que as pessoas, neste contexto de confinamento, podem-se cultivar através destes escapes de espírito”.
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