V.N. de Famalicão
Têxtil de Barcelos interessada em equipamentos e operários da Ricon
Poderá ser a luz ao fundo do túnel para os ex-funcionários do Grupo Ricon. Depois de ter fechado as portas, ter entrado em insolvência e as assembleias de credores estarem a apontar no sentido da liquidação, começam a aparecer interessados na contratação da mão de obra qualificada e nas unidades industriais.
O Grupo Valérius Têxteis, sediado em Barcelos e dedicado à confeção de vestuário de média e alta qualidade, reuniu cerca de “250 pessoas” de várias empresas do Grupo Ricon para “perceber que tipo de disponibilidade e sensibilidades existiam relativamente à possibilidade de ingressarem em algum projeto que se possa desenvolver”, explicou ao Jornal do Ave, Alfredo Castanheira, responsável de comunicação da Valérius.
No final da reunião que decorreu nas instalações da Ricon, em Ribeirão, na manhã do dia 22 de fevereiro, foi pedido aos trabalhadores que “deixassem a sua disponibilidade manifestada através de um documento”. “Houve uma adesão bastante grande e, paralelamente, houve um esforço no sentido de perceber até que ponto junto dos nossos clientes atuais poderia existir uma angariação comercial, de encomendas, que fosse ao encontro do tipo de competências e valências que os trabalhadores da Ricon têm”, explicou o representante da Valérius.
Não se sabe ao certo se a proposta da Valérius passa pela aquisição ou aluguer dos equipamentos, mas, de acordo com Alfredo Castanheira, “todas as hipóteses estão em cima da mesa”, estando a ser analisada a “viabilização por via comercial”.
“Infelizmente, estes últimos tempos da Ricon, em grande medida, deveram-se precisamente a uma estratégia comercial que acabou por não ser a mais acertada, com a concentração no mesmo cliente de toda a atividade e nós queremos o mais possível afastar-nos desse modelo. Não trabalhamos dessa forma e é essencial perceber que sustentabilidade é que tem do ponto de vista comercial”, detalhou.
Embora nenhuma decisão esteja ainda tomada, Alfredo Castanheira fez saber que o cenário “preferível seria utilizar as instalações, equipamentos e trabalhadores tal e qual como eles existiam”. O número de pessoas contratadas também estará dependente “das respostas que possam ter”.
O que acharam os trabalhadores da reunião com o grupo Valérius?
Idalina Azevedo, ex- funcionária da Ricon, ficou agradada com a reunião para a qual foi convocada. “Parece-me ser um excelente empresário. Achei que ele era muito pelas funcionárias”, disse ao JA. Segundo a trabalhadora, “a Valérius está com a ideia de fazer um apanhado das costureiras para trabalhar para eles e ocupar o espaço da Ricon e da Delcon”, quanto a Delos, como tinha o armazém alugado, a ideia passaria por “distribuir as pessoas entre a Ricon e a Delcon”. De acordo com informações avançadas na reunião, a Del-con trabalharia com “casacos e vestidos de alta costura”, enquanto a Ricon “ia ser casacos/ blazers e calças”. A data ideal e avançada pela Valérius para que as máquinas começassem a trabalhar foi 5 de março. “Preenchemos a ficha e estamos à espera, umas vão ser chamadas para formação outras para trabalhar”, confirmou Idalina Azevedo.
No que diz respeito às condições apresentadas, a Valérius tenciona pagar “o salário mínimo e duplicar o subsídio de alimentação”. Quanto à questão dos transportes, “dizem que depois daquilo estar em funcionamento é que vão avaliar”, adiantou a ex-funcionária.
Uma outra fonte, que também trabalhou na empresa Ricon, disse ao JA que os representantes da Valérius afirmaram na reunião que “não compravam nada sem saber se tinham funcionários para trabalhar”. No entanto, achou que havia interesse por parte da Valérius, com quem já estavam “habituados a trabalhar a feitio, com vestidos e calças para a MaxMara”. “Houve muita gente interessada, mas muitos não foram (á reunião) porque já têm trabalho”, garantiu.
Quem é o Grupo Valérius?
Sediado em Barcelos, o Grupo Valérius Têxteis fatura cerca de 32 milhões de euros, exporta aproximadamente 98 por cento da produção e emprega 150 pessoas. Entre as marcas com quem trabalham, encontram-se a Moschino e MaxMara. O objetivo do grupo é aumentar a capacidade produtiva, chegar a novos mercados e aumentar o número de postos de trabalho.
BE quer que Estado seja acionista da Ricon
O grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) entregou na Assembleia da República um projeto de resolução, para que a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em nome do Governo, se torne acionista do Grupo Ricon, garantindo a continuidade da laboração. O caso não seria inédito, uma vez que em 2009, recordam os bloquistas, o Estado “passou de credor a acionista e conseguiu garantir a manutenção da produção na fábrica de semicondutores de Vila do Conde, Quimonda”. A fábrica passou, então, a ser detida pela AICEP, em representação do Estado, pelo BCP e BES até 2017, “altura em que a empresa foi vendida e o Estado recuperou créditos de 8,9 milhões de euros”.
Os deputados do BE afirmam ainda que “está por demonstrar que uma solução do mesmo género não possa vir a ser possível, tanto mais que são as próprias trabalhadoras que confirmam a existência de muitas encomendas em carteira e que as empresas utilizam no processo de fabricação a mais moderna tecnologia de produção”.
Assim, o BE propõe ao Governo que “ instrua a AICEP Portugal Global, E.P.E. (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) no sentido de garantir os postos de trabalho das mais de mil trabalhadoras e trabalhadores, avaliando, com urgência, todos os procedimentos indispensáveis para a reposição em funcionamento destas unidades industriais: a TGI- Gramax e as fábricas do grupo Ricon”.
No documento a que o JA teve acesso, o BE diz ainda que o processo referente ao grupo Ricon “é o culminar de uma série de investimentos de risco mal sucedidos (numa rede de lojas Porsche ou no negócio da aviação), através dos quais o proprietário, Pedro Silva, foi descapitalizando o grupo, em favor de negócios que indiciam uma gestão danosa”. Os bloquistas consideram que o “vasto conjunto de insolvências mal explicadas” continuam a condenar “ao desemprego mais de mil trabalhadoras e desperdiçando o seu conhecimento e especialização, bem como a tecnologia e a capacidade instalada de fábricas em plenas condições para continuar a laborar”. “Se por um lado cabe à justiça avançar já com a investigação sobre as razões destas insolvências e, afigurando-se o caso, condenar os responsáveis por gestões danosas, por outro, cabe ao Governo atuar para garantir os direitos de quem ali trabalha e para impedir a perda de capacidade produtiva do país”, apontam.
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