Santo Tirso
Patriarca S. Bento
Decorre durante este ano de 2022 a comemoração dos 130 anos da fundação do Mosteiro de Singeverga, pelos Frades Beneditinos do Mosteiro de Cucujães.
A par desta comemoração, registou-se, recentemente, um outro evento, na abadia deste mosteiro, designada “(Re)eleição do Abade”.
“É com muita alegria que a Comunidade monástica da Abadia de S. Bento de Singeverga anuncia a reeleição de D. Bernardino Ferreira da Costa como Abade deste Mosteiro”. Este foi o comunicado da Abadia de S. Bento de Singeverga, informando que este acto de eleição foi realizado “após o término do primeiro mandato de oito anos, que iniciara em 2013” e que tinha sido prorrogado durante a pandemia. Esta (re)eleição ocorreu no dia 25 de maio, data da “memória” do Beato e Dr. da Igreja S. Beda Venerável.
Biografia de S. Bento, fundador dos Beneditinos
Segundo Gregório I, Bento era filho de uma família nobre romana da região de Núrcia, próximo de Espoleto, onde realizou os seus primeiros estudos. Mais tarde foi enviado a Roma para estudar “retórica” e filosofia, mas tendo ficado decepcionado com a decadência moral da cidade, abandona a capital e retira-se para Enfide e, ajudado por um abade da região, instalou-se numa gruta e torna-se eremita. Passados três anos é visitado por pastores e outras pessoas e é eleito abade de um mosteiro de Vicovaro, no centro da cidade.
Embora não possa ser declarado fundador (oficial) da Ordem dos Beneditinos, no ano de 503 ele participou na fundação de vários mosteiros que adoptaram, após a sua morte, a denominação de “Beneditinos”. Bento, cria a chamada “ Regra de São Bento” (Ora et Labora), um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica, inspiração de muitas outras comunidades religiosas.
O papa Paulo VI designou S. Bento patrono da Europa, no ano de 1964, sendo também patrono da Alemanha. Fundou a Abadia de Monte Cassino, em Itália, destruída durante a 2.ª Guerra Mundial e, posteriormente, restaurada. Faleceu no dia 21 de março de 547. A Igreja Católica celebra a sua festa litúrgica a 11 de julho, data da transladação das suas relíquias para a Abadia de Saint Benoit-sur-Loire.
Ordem de São Bento (O.S.B) ou Ordem dos Beneditinos
Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina (em latim Ordo Sancti Benedicti, sigla O.S.B) é uma das mais antigas ordens religiosas católicas de clausura monacal ( de monges) que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência social. É considerada como a iniciadora do chamado movimento monacal.
Além da vida monástica, os beneditinos dedicam-se a actividades que incluem a educação, o estudo, o serviço paroquial e o trabalho missionário.
Tendo em mente a sua própria abadia – a de Monte Cassino -, São Bento de Núrsia redigiu a regra (ORA ET LABORA ), cuja rotina compreendia a oração, estudo e trabalhos manuais, entre os anos de 535 e 540. Pelo século VII, a regra estendeu-se também às freiras, cuja padroeira era Santa Escolástica, irmã gémea de São Bento. Nos cinco séculos que se seguiram à morte de São Bento, ocorrida em 547, os mosteiros cresceram em poder e riqueza, tornando-se os principais repositórios do saber e da literatura da Europa Ocidental.
Contudo, essa prosperidade acarretou um relaxamento da disciplina dos seus membros.
Reforma da Ordem Beneditina
Ao longo do trajecto (da sua história), a Ordem Beneditina sofreu numerosas reformas, devido à decadência da disciplina no interior dos mosteiros. A primeira surgiu no século X e foi levada a cabo por S. Juan de Perez Liona; essa reforma foi chamada “cluniacense”, nome proveniente de Cluny, um lugar de França, onde se fundou o primeiro mosteiro desta reforma. A reforma teve tal êxito que durante a Idade Média praticamente todos os mosteiros beneditinos estavam sob o domínio de Cluny.
Entretanto, os cluniacenses adquiriram tão grande poder económico e político que os abades mais importantes chegaram a fazer parte das cortes imperiais e até papais. Vários pontífices romanos foram beneditinos, provenientes dos mosteiros cluniacenses. Alexandre I, São Gregório VII, beato Vítor III, beato Urbano II, Pascoal II e Gelásio, etc., são alguns dos nomes mais “sonantes”.Tanto poder e fausto, levou novamente à decadência da reforma cluniacense, que voltou a encontrar uma importante contraparte na reforma “cisterciense”, na França, com a fundação do primeiro mosteiro dessa reforma. São Roberto de Molesme, Santo Estêvão Harding e São Roberto de Chaise-Dieu foram os fundadores da Abadia de Cister, em 1098. O principal objectivo foi impor a prática estrita (“a pureza”) da regra de São Bento e o regresso da vida contemplativa. O principal obreiro dessa reforma foi S. Bernardo de Claraval, que foi discípulo dos fundadores de Cister. Bernardo converteu-se no conselheiro principal dos papas e os vários monges chegaram a ocupar a “cátedra de São Pedro”.
A reforma cisterciense subsiste como ordem independente, dividida em dois ramos: Ordem Cisterciense da Comum Observância (O. Cist.) e Ordem Cisterciense da Estrita Observância (O.C.S.O.) conhecidos, também como Trapistas (ou Beneditinos Brancos), devido à cor do seu hábito religioso, em contraste com os demais monges da Ordem de São Bento, chamados de “beneditinos pretos”.
Houve outras tantas reformas posteriores a estas ( em 1027, 1073, (1177-1267) (1272-1348). Após períodos agitados da história, como a Reforma de Lutero, na Alemanha e nos Países Baixos, a expulsão e execução dos religiosos católicos pelo rei Henrique VIII ( na Inglaterra) e o período revolucionário da França, associada à decadência dos mosteiros, ocorreu uma redução drástica da população dos monges. Depois da Revolução Francesa, foi D. Prosper Guéranger quem fez renascer a Ordem beneditina em Solesmes, a partir de 1833, na França.
Ordem Beneditina em Portugal
A introdução da Regra de São Bento em Portugal, como documento normativo de disciplina monástica, fez-se a partir do Concílio de Coyanza (1050/55?) em Leão, Espanha, embora já fosse conhecida como documento de espiritualidade. Aderiram, então, à “beneditização” diversos mosteiros de observância autóctone (Regra de São Frutuoso) na região de Entre-Douro-E Minho. Alguns monges, vindos de França (São Geraldo de Braga e D. Bernardo de Coimbra), foram sagrados bispos, mas durante a Idade Média os beneditinos experimentaram um certo relaxamento, atingidos, sobretudo, pela praga dos abades comendatários que levaram os conventos à ruína.
Depois do Concílio de Trento, após várias tentativas de reforma, o monarca D. Sebastião “favoreceu” a reformação monástica. Auxiliados pelos seus “congéneres” de Castela, graças à acção de Frei Pedro Chaves e Frei Plácido Vilalobos, o Papa Pio V, com bulas de 1566 e 1567, executadas pelo cardeal D. Henrique, instituiu a “Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal”. A partir de Tibães, regido pelo abade geral com Capítulo Geral e abades trienais, a Congregação fundiu mosteiros em Lisboa, Santarém e Porto, para além de reformar alguns dos já existentes, contando 22 abadias na Metrópole e estendendo-se pelo Brasil, desde 1580/81, onde contou 11 mosteiros: Baía, Rio de Janeiro, Olinda, Recife, Paraíba, São Paulo, Brotas, etc. A partir da instituição da Congregação, monges portugueses restauraram mosteiros, reformaram a disciplina e observância monástica, entregaram-se ao estudo, mesmo na Universidade e à pregação, até que, em 30 de maio de 1834, se deu a extinção das ordens religiosas.
A restauração monástica na era moderna seria efectuada através de um monge português de seu nome D. Frei de Santa Gertrudes Leite de Amorim (1818-1894), inicialmente em Paço de Sousa (1865) e depois, em definitivo, no antigo mosteiro de Cucujães (1875), feito Priorado Conventual (29 de julho de 1876) e elevado a abadia em 8 de junho 1888. Foi daqui que ajudados pelos monges de Beuron, vieram fundar Singeverga (Santo Tirso) e, depois de anos sob tutela do Mosteiro de São Paulo Entre-Muros (Roma) se integraram na Congregação de Beuron em 1904, donde passariam, em 1931, para a Congregação da Anunciação. Entretanto, os Monges de Singeverga patrocinaram a fundação dos seguintes mosteiros:
-Mosteiro de Santa Escolástica (feminino), em Roriz, Santo Tirso
-Mosteiro das Beneditinas Missionárias de Tubzing, em Baltar (Paredes).
Mosteiro de São Bento Avé Maria (actual estação de São Bento)
Este mosteiro foi construído em finais do século XVI (1518?) e albergou freiras beneditinas, tendo funcionado entre os anos de 1535 e 1872. Em 1894, inicia-se a demolição dos claustros. A demolição da igreja irá processar-se entre outubro de 1900 e outubro de 1901. No seu local foi construída a actual estação do Porto-São Bento, no início do século XX.
Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro (Pombeiro de Ribavizela-Felgueiras)
O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro foi um dos mais importantes mosteiros beneditinos de Entre-Douro-e-Minho durante alguns séculos da Idade Média, tendo sido fundado por D. Gomes Echieghues e sua mulher Gontroda, em 1102. A construção do actual edifício teve início na segunda metade do século XII, por iniciativa da Ordem de São Bento, seguindo a mesma planimetria dos grandes mosteiros da Ordem. O principal elemento remanescente desse período é o portal axial. Durante a Idade Moderna o edifício foi profundamente alterado, adquirindo a aparência actual.
Mosteiro de São Bento (Santo Tirso)
O Mosteiro de São Bento (Santo Tirso) está implantado na margem esquerda do Rio Ave (na “baixa” da cidade de Santo Tirso). Foi fundado por D. Unisco Godiniz e seu marido, Abunazar Lovezendes, primeiro senhor da Maia, conforme documento publicado por D. António Caetano de Sousa. No século XV foi edificada a igreja monástica por benemerência de Martin Gil, conde de Barcelos. Desta igreja restam apenas alguns vestígios arqueológicos. A actual igreja foi construída entre 1859 e 1879, com projecto de Frei João Turriano, filho de um arquitecto milanês, Leonardo Turriano.
Mosteiro de Salvador ou Mosteiro de São Bento de Vairão (Vila do Conde)
A fundação do Mosteiro de Vairão ocorreu em 974 e, em 1021, o mosteiro era já uma comunidade dúplice, de monges e monjas beneditinos. O cartório do Mosteiro de Vairão, actualmente na Torre do Tombo, é dos mais antigos documentos em língua portuguesa. Em 1141, D. Afonso Henriques deu carta de couto ao mosteiro com um perímetro bastante vasto, ocupando o território das actuais freguesias de Vairão, Macieira (da Maia), Fornelo e Gião, bem como doou ainda os seus reguengos de Crasto e Azevedo. Em 1891, o mosteiro foi encerrado devido ao falecimento da última monja.
Presentemente, a igreja do Mosteiro serve a paróquia de Salvador de Vairão.
Mosteiro de S. Martinho de Tibães
O Mosteiro de São Martinho de Tibães situa-se na freguesia de Mire de Tibães, no concelho de Braga. Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1944, estando afecto à Direcção Regional e Cultural do Norte. Este mosteiro foi fundado em finais o século XI pelos frades beneditinos, no qual os monges seguiam as regras “Silêncio, Obediência, Oração, Pobreza e Trabalho”, prescritas por São Bento de Núrcia.
Em 1110, D. Henrique e D. Teresa doaram a Tibães as terras adjacentes ao Mosteiro e outorgaram-lhes a carta do Couto. O mosteiro cresceu em privilégios e poder até ao século XIV, sendo, após o Concílio de Trento, em 1567, escolhido para Casa-Mãe dos Beneditinos. Chegou a ter 22 mosteiros em Portugal e 13 no Brasil sob a sua jurisdição. Atingiu o seu máximo esplendor no século XVII e XVIII, tornando-se um importante centro de educação, difusor de arte e de cultura portuguesas.
O Mosteiro é constituído pela Igreja, alas conventuais e espaço exterior. O edifício que hoje existe foi construído ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Em 1986, o Estado Português, perante a degradação e delapidação deste património, adquiriu-o e procedeu a um grande restauro de todo o Mosteiro. Mantendo os usos associados à paróquia de Mire de Tibães (principalmente a Igreja e sacristia) implementou duas valências: cultural, associada ao conceito internacional de Museu Monumento (com Escola Profissional) e Jardim Histórico e de acolhimento, restaurante e hospedaria (entregue às Missionárias Carmelitas “Donum Dei”).
Palácio de São Bento (Lisboa)
O Palácio de São Bento é um palácio de estilo neoclássico, situado em Lisboa, e funciona como sede do Parlamento de Portugal, desde 1834. Foi construído em finais do século XVI como mosteiro beneditino (Mosteiro de São Bento da Saúde), por traça de Baltazar Álvares, apresentando feição maneirista e barroca. Nele chegou a estar instalado o Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, passou a ser propriedade do Estado. Após a implantação do regime liberal (1834), foi sede das Cortes Gerais da Nação (Palácio das Cortes), Palácio do Congresso, Palácio da Assembleia Nacional e actualmente Palácio de São Bento, homenageando o antigo convento (beneditino).
Relação de alguns dos Antigos e/ou actuais Conventos e/ou Mosteiros Beneditinos em Portugal
- Mosteiro de S. João de Cabanas, em Afife -Viana do Castelo
- Convento do Salvador (Freguesia de S. João do Souto-Braga. Abriu em 1602 e fechou em 1834. Presentemente é Lar Conde de Agrolongo)
- Hospital Militar (da Estrela) – Lisboa, fundado em 1606
-Igreja do Castro de Avelãs – Bragança (séc. XII ou XIII) - Igreja do antigo mosteiro de S. Cláudio, em Nogueira -Viana do Castelo
- Mosteiro de Lorvão-Lorvão, concelho de Penacova – Coimbra. Depois da extinção das ordens religiosas (1835), foi hospital de psiquiatria. Encerrou em 2012.
- Mosteiro de São Salvador de Palme-Aldreu, Barcelos (desde 1025 até 1834)
- Mosteiro de Santa Maria do Carvoeiro, Viana do Castelo. Fundado em 1021 até 1834
- Mosteiro de São Martinho de Cucujães – Oliveira de Azeméis. Antes de 1139 foi couto doado por D. Afonso Henriques. No século XVI os beneditinos tomaram posse do mosteiro. Em 1790 perde regalias. Serviu de hospital entre 1828 e 1834. Neste ano é decretada a extinção das ordens religiosas. Em 1923, passa a Seminário das Missões.
- Mosteiro de São Romão do Neiva – Viana do Castelo. Fundado em 1807 provavelmente sendo a refundação de um outro em 1022. Ordem dos beneditinos tomou posse em 1569. Em 1834, expulsão das ordens religiosas. Actualmente a igreja é tutelada pela diocese de Viana.
- Mosteiro de Vitorino de Donas, Donas, Ponte de Lima. Há notícias de 1320 da existência deste mosteiro. Foi extinto em 1589, tendo as religiosas transitado para o Convento de S. Salvador, em Braga.
António Costa
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