V.N. de Famalicão
Mário Passos: “Talento e mão de obra especializada e qualificadasão a mais-valia de futuro para quem quer empreender”
Em entrevista ao JA, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Mário Passos, referiu que o estatuto atribuído pelo Comité Europeu das Regiões, no ano em que o Famalicão Made IN – programa de dinamização económica – cumpre uma década de existência, é argumento para passar à próxima etapa: “Atrair para o território mais empresas de base tecnológica, promover ciência, conhecimento e tecnologia e dessa forma criar, atrair e reter talento no nosso concelho”.
Vila Nova de Famalicão marcou o arranque do estatuto de Região Empreendedora Europeia, numa “descontraída” cerimónia que decorreu no Classe Bar, na noite de 19 de janeiro. Em 2024, o concelho pretende colocar empresas, startups, escolas, universidades, centros tecnológicos e de investigação e associações empresariais a bombear o “sangue empreendedor” do concelho, através do envolvimento nas “múltiplas iniciativas” que visam reforçar “o posicionamento do concelho como um dos mais dinâmicos e economicamente pujantes do país e da Europa”.
Sustentabilidade, digitalização e resiliência são os três eixos que norteiam o plano de ação da Região Empreendedora Europeia 2024, cujo programa inclui, segundo divulgou a autarquia, “exposições, workshops, ações de networking, a promoção de programas de aceleração para startups, a Noite Europeia dos Investigadores e o Fórum Económico, que vai assinalar os 10 anos do Famalicão Made IN”.
Em entrevista ao JA, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Mário Passos, referiu que o estatuto atribuído pelo Comité Europeu das Regiões, no ano em que o Famalicão Made IN – programa de dinamização económica – cumpre uma década de existência, é argumento para passar à próxima etapa: “Atrair para o território mais empresas de base tecnológica, promover ciência, conhecimento e tecnologia e dessa forma criar, atrair e reter talento no nosso concelho”.
Jornal do Ave (JA): Que frutos espera alcançar Famalicão com o estatuto de Região Empreendedora Europeia?
Mário Passos (MP): Famalicão é, reconhecidamente, um território de empreendedorismo, de capacidade produtiva, de criação de valor, de inovação e de gente de trabalho que ambiciona sempre mais e melhor. Com as várias dinâmicas que vamos promover ao longo deste ano queremos, sobretudo, potenciar ainda mais este ecossistema, juntando todos na construção de um futuro melhor, mais sustentável e com mais qualidade de vida. Queremos robustecer o nosso tecido empresarial, criar um ambiente favorável ao crescimento da nossa economia, gerar mais e melhor emprego e, por essa via, melhores condições de vida para quem escolhe Vila Nova de Famalicão para viver.
JA: Durante uma década, o Famalicão Made IN impulsionou a criação de 300 empresas, apoiou PME em mais de 3000 processos e angariou 321 milhões de euros de investimento. Que números esperar da segunda etapa da estratégia económica do Município?
MP: Queremos, sobretudo, continuar a crescer. E acredito, sinceramente, que esta nossa força e vontade são o nosso maior fator de diferenciação. Somos, de facto, uma comunidade que sabe bem para onde quer ir, que estabelece metas e arregaça as mangas para atingir os seus objetivos. Somos o concelho mais exportador do Norte de Portugal, mas queremos mais. A nossa ambição é evoluir para o lugar do Created IN, passar de um concelho fazedor para um território criador, que acrescenta mais valor aos produtos e serviços que as nossas empresas colocam no mercado, contribuindo para a criação de valor, a inovação e a competitividade do concelho.
JA: Aquando da distinção, afirmou que o prémio resulta do trabalho, dedicação e perseverança de vários protagonistas, entre os quais os empresários. As empresas são também promotoras de Famalicão como bom habitat económico?
MP: Obviamente que sim. E mais do que quatro paredes, as empresas são, nada mais nada menos, todas as pessoas que por elas passam todos os dias: dos seus promotores aos seus colaboradores. São eles – são os famalicenses -, a grande força do nosso território. Nós, município, temos aqui o trabalho de não atrapalhar a sua ação e de criar todas as condições para que se crie um ambiente favorável ao crescimento empresarial. A autarquia é apenas uma pequena peça deste vasto e diversificado ecossistema e a vitalidade económica que temos registado é o melhor testemunho do mérito das nossas políticas públicas, nomeadamente de estímulo ao empreendedorismo, inovação e emprego.
JA: O Plano Estratégico Famalicão.30 teve um papel importante na atribuição deste estatuto. Em que ponto está a concretização dos principais objetivos do Plano? Que objetivos já estão concretizados, ou em vias de concretização?
MP: A forma alinhada e concertada como definimos o atual Plano Estratégico de Famalicão é um bom exemplo da sinergia que existe no território e da vontade e disponibilidade dos vários agentes em contribuir coletivamente para o crescimento do concelho. A atual estratégia municipal aponta para o posicionamento e desenvolvimento de um território sustentável do ponto de vista social, ambiental e económico. Há questões e problemáticas transversais a todas as áreas. É o caso da questão climática, que está muito presente em todas as ações municipais, com medidas concretas, como é o caso do lançamento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica, a criação da Equipa Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas e o projeto 60 mil Árvores para 2030. Mas há outros. A construção da futura residência universitária no centro da cidade, a expansão do Parque de Sinçães, a requalificação e construção de vários recintos desportivos e de ensino, o trabalho que estamos a desenvolver para melhorar as condições em que são prestados os cuidados de saúde primários e as respostas que temos colocado no terreno para fazer frente ao problema da Habitação são outros bons exemplos de projetos estruturantes que temos em curso.
Quais as principais metas de Famalicão para 2024 na área do empreendedorismo?
MP: Neste ano de 2024, completamos dez anos da implementação da estratégia do Famalicão Made IN e os números de crescimento económico têm sido sistematicamente suplantados. Fortalecida esta fase do Made IN, com esta vocação empreendedora bem enraizada, queremos agora incentivar e atrair para o território mais empresas de base tecnológica, promover ciência, conhecimento e tecnologia e dessa forma criar, atrair e reter talento no nosso concelho. É nossa convicção de que o talento e a mão de obra especializada e qualificada são a mais-valia de futuro para quem quer criar e empreender e é na promoção de políticas públicas que promovam este ambiente que estamos a trabalhar.
JA: Em Famalicão, o Têxtil e Vestuário são os setores que mais exportam, logo atrás da indústria automóvel. Há indicadores europeus que dão conta de uma tendência de evolução negativa do mercado laboral, devido à falta de mão de obra. Nos últimos meses, tem-se registado o encerramento de algumas empresas. Face a outros obstáculos que possam surgir, devido às condições de mercado, de que forma estão as empresas de Famalicão destes setores preparadas para evitarem o encerramento?
MP: A indústria do Têxtil e Vestuário é histórica no nosso território, geradora de emprego, mas também uma indústria com muita especialização e qualidade, que se tem adaptado aos diferentes contextos, às crises e à permanente mutação do setor. Desta capacidade não é dissociável o facto de aqui termos o CITEVE ou o CeNTI, centros de investigação que, em articulação com os diferentes agentes, têm antecipado crises, preparado a indústria para novos desafios e dado respostas adequadas para a sustentabilidade da ITV. É uma indústria que incorpora cada vez mais investigação e desenvolvimento de produto e nesta matéria temos estado na vanguarda do que é o setor, criando e desenvolvendo novas soluções que vão muito além do que é o têxtil tradicional, o que deixa as nossas empresas mais preparadas para enfrentar essas variações do setor.
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