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O 25 de Novembro de 1975 foi um êxito na Democracia

Jornal do Ave

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Este ano estamos a comemorar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, uma data histórica em que Portugal passou a viver em Democracia e Liberdade. Celebramos a Revolução dos Cravos, dos Capitães de Abril e do Movimento das Forças Armadas (MFA). Ao longo de 48 anos a ditadura salazarista privou os portugueses de usufruírem da liberdade de expressão, trazendo-lhes a repressão do regime, o analfabetismo, a miséria e a guerra colonial durante 13 anos. Para pôr fim a esta crueldade no país, em 1973 vários oficiais militares iniciaram reuniões clandestinas para fazer um golpe militar, a fim de mudar o regime que atormentava o povo. O mau estar estava instalado entre os militares mais jovens o que despoletou o Movimento dos Capitães, que havia de dar origem ao glorioso 25 de Abril dos Cravos em Lisboa. A primeira tentativa de golpe militar foi o fracassado motim das Caldas, em 16 de março de 1974, que culminou com a prisão de 220 soldados, mas os militares não desistiram e o Governo começou a fragilizar-se.

Após, esta rebelião, o capitão Salgueiro Maia, ansiava pela revolta do Movimento das Forças Armadas contra o regime. Foi ele que na madrugada do dia 25 de Abril comandou uma coluna de chaimites desde Santarém até á capital para unir a outras unidades para libertação do poder. O desenrolar dos acontecimentos traduziu-se em várias horas de incerteza. Tudo foi evoluindo com inquietação, a comunicação social, através da televisão ainda a preto e branco, e a rádio, pediam serenidade às pessoas, e que se mantivessem em casa, atentas ao evoluir da situação, ao som de marchas militares. Ao meio da tarde a coluna militar de Salgueiro Maia, depois de transpor imensos obstáculos, avançou para a rendição de Marcelo Caetano, acompanhado por grande multidão de pessoas misturadas com numerosos militares com cravos vermelhos nos canos das armas (G-3), e entoavam palavras de ordem como: “Viva Portugal”, “Abaixo o Fascismo”, “Liberdade, fome não”, “Nem mais um soldado para a guerra”. Pelas 19h40, o Primeiro-Ministro rendia-se ao capitão Salgueiro Maia. Portugal era já um país Livre e Democrático para o seu futuro.

A evolução que se seguiu à Revolução dos Cravos, não foi nada pacífica, viveu-se com muita instabilidade, medo, perseguição, assaltos a bancos, ocupação de terras, de casas, de empresas, pondo em causa postos de trabalho e encerramentos de empresas. Houve também saneamentos em empresas, greves selvagens, nacionalizações, reforma agrária no Alentejo. Enfim, um país destroçado à beira da “banca rota”, com grande perturbação política e social, liderada pela ala esquerda comunista. Portugal desde os anos 60, continha grandes grupos económicos, tais como: CUF, Champalimaud, Secil, Espírito Santo, BPA, Sacor, Lisnave, Siderurgia Nacional e outros que se foram decaindo pela má política que se vivia. A 11 de março de 1975, aviões da Força Aérea atacam o RALIS, para uma nova intentona de alteração militar, chefiada por General Spínola, que foi o primeiro Presidente da Republica, a seguir ao 25 de Abril, mas fracassou tendo ele se refugiado em Espanha. Este ataque originou a morte de um soldado, vários feridos e destruição.

O ano de 1975 fica na história como o de maior perturbação política no país. Era necessário mudar o rumo de uma vez por todas! Surge então o General Ramalho Eanes, que também participou no 25 de Abril. O 25 de Novembro de 1975 ia-se aproximando e foi este grande militar, vestido de camuflado e de óculos escuros, que ostentava uma imagem de oficial duro e enigmático, que conquistou a confiança dos portugueses pela sua honestidade e honradez. Ele comandou uma grande coluna militar sobre Lisboa, sendo apoiado por várias unidades, e assim, pôs fim à era de um clima muito inseguro, em que a Democracia tremia numa política totalitária, estando Portugal à beira de uma guerra civil. Existiam mais de mil armas militares, G-3, distribuídas no Alentejo com a cumplicidade de Otelo. Este era o comunismo cego para nos levar para segunda ditadura, ainda pior do que a que se viveu até então! Foi decretado o recolher obrigatório durante oito dias, das 22h00 às 07h00 da manhã. Com o estado de sítio ninguém podia vaguear nas ruas neste horário, exceto com um salvo-conduto para justificar, caso contrário as pessoas eram presas. Nessa fase a segurança da ordem pública era feita só pelos militares, assim como a dos jogos de futebol. Grupos de soldados bem armados procediam às operações de STOP, nas rotundas e cruzamentos, verificando documentos e revista às viaturas. Havia um ambiente difícil porque, existiam vários partidos, que optavam pelo proletariado revolucionário da URSS e desejavam semear o terror e o ódio entre os portugueses.

O General Ramalho Eanes, nasceu em Alcains, distrito de Castelo Branco, a 25 de janeiro de 1935. Nunca imaginou o papel de relevo com que a dinâmica da História e da Revolução Portuguesa, haveria de brindar pela sua notável carreira, no 25 de Novembro de 1975. Esteve em todas as províncias ultramarinas portuguesas e no 25 de Abril de 1974 estava em Angola. Foi várias vezes condecorado. Nos bastidores da cena política foi mencionado como um dos possíveis candidatos a Presidente da República e até apoiado por Francisco Sé Carneiro, quando ganhou as eleições de 27 de junho de 1976 e depois em 1981. Foi um dos melhores Presidentes de Portugal. Foi o Homem que não quis ser Marechal, um ato de humildade. No próximo dia 25 vai decorrer pela primeira vez a comemoração deste grande dia para Portugal, onde vai discursar Ramalho Eanes, com os seus 89 anos de lucidez. Ainda hoje é acarinhado pelos Portugueses e é um símbolo incomparável das Forças Armadas. Ele foi uma das figuras determinantes para a consolidação da Democracia no país. Os que aviltam esta data são saudosistas do comunismo. Eu assisti a todos estes acontecimentos porque fui militar em Lisboa, no período entre 1974 e 1976.

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Firmino Santos- Leia a notícia em www.onoticiasdatrofa.pt
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