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Ivo Vieira é o novo treinador do Aves

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“Vim cheio de vontade e com ganas de agarrar o projeto com as duas mãos”

Com 40 anos, e um passado ligado ao Nacional a Marítimo, Ivo Vieira foi o treinador escolhido pelo CD Aves, Futebol SAD para a próxima época. Consigo traz os adjuntos Filipe Neto e Miguel Romão, aos quais se juntam Vítor Gomes (adjunto), Daniel Castro (preparador-físico) e Miguel Matos (treinador de guarda-redes). Em entrevista exclusiva ao nosso site oficial falou de toda a ambição que quer passar para o plantel e da fervorosa massa associativa, a quem agradece o apoio e promete dar tudo em campo, rumo a uma época que espera que seja excelente em todos os aspetos.

Recentemente, em entrevista a uma rádio nacional, disse que era a altura ideal para deixar a Madeira. Então, este é um sonho concretizado?
Sim. Concretizou-se o meu desejo, que era sair da ilha. As pessoas não têm noção da dificuldade de ser ilhéu, sobretudo em termos logísticos, porque não é fácil conseguirmos expandir tudo aquilo que queremos. O Aves proporcionou-me esta oportunidade e estou muito grato às pessoas que apostaram em mim. Vou fazer o meu melhor e dar uma resposta positiva ao que me foi proposto. Quero deixar, desde já, uma palavra aos avenses, pois tudo farei para que seja do agrado deles aquilo que vai ser o nosso trabalho no dia-a-dia, ao fim-de-semana, a meio da semana, na competição, porque eles são parte integrante e importantíssima do projeto do Aves. Sem eles não fazia sentido a existência desta instituição. É com eles que tem um grande significado, e também com as pessoas que estão nesta estrutura e me têm proporcionado os meios mais do que suficientes para fazer um bom trabalho. Sabemos que as coisas estão nas nossas mãos e não basta sermos bons temos de o demonstrar. Não basta parecer, temos de ser. Com a estrutura e os adeptos, designadamente a Força Avense, uma claque fervorosa, das melhores em Portugal, que acompanha a equipa para todo o lado, temos de remar para o mesmo lado. Todos juntos seremos mais fortes e melhores.

O que o levou a aceitar a proposta do CD Aves, Futebol SAD?
A vontade das pessoas em que representasse esta instituição. Aceitei de imediato porque o projeto é aliciante e irresistível. Nestes dois últimos dias, tive algumas conversas e apercebi-me que se trata de gente séria, que quer levar este projeto para a frente, que tem uma ideia em termos globais daquilo que pode ser esta instituição posicionada nesta vila. O que me apresentaram, não só em termos desportivos como estruturais que se avizinha num futuro próximo, permite-me dizer que é uma obra grandiosa, para um clube que vejo da mesma forma. Estão reunidas todas as condições. Óbvio que será uma tarefa difícil. Não temos nada dado na vida. Só com trabalho, dedicação, profissionalismo e brio, além de todo o envolvimento das pessoas e disponibilidade de meios materiais e humanos que me foi posto à disposição, é que chegaremos longe. Vim cheio de vontade e com ganas de agarrar com as duas mãos este projeto.

Quando passou pelo Marítimo B jogou na II Liga. Aqui a competitividade é enorme…
Sim. No passado havia um tipo de jogo padrão muito direto que, neste momento, é menos praticado porque joga-se mais, as equipas têm mais qualidade, têm mais argumentos ao seu dispor. Ao nível de conhecimento, trago dois elementos que trabalharam comigo e temos uma boa base, porque, além dos dois anos que estive no Marítimo B, há sempre um acompanhamento da II Liga. O futebol está muito dinamizado na parte do “scouting” e recorre-se muitos a jogadores da II Liga em termos de observação. Tenho um conhecimento geral em termos daquilo que se quer na II Liga e de algumas equipas que se têm destacado nos últimos anos. O Aves, por exemplo, é um clube que pretende atingir outras dimensões com toda a sua legitimidade e com o direito a ganhar o seu espaço no futebol nacional. Tem uma grande estabilidade, milita nesta divisão há muitos anos, com três ascensões à I Liga, e é um clube que sempre ficou na parte de cima da tabela. O que me levou a dizer “sim” foi essa estabilidade do clube e as pessoas que cá estão. Não é uma equipa que tenha tido altos e baixos, há dois ou três anos disputou o “play-off” de aceso à I Liga, infelizmente não conseguiu subir, mas fica sempre entre os sete primeiros lugares. Aliás, nas funções que nos são exigidas, tivemos momentos em que num mês víamos há volta de 200 jogadores de vários escalões. Por isso, a segunda Liga está muito ligada à primeira. Também costumo dizer que as equipas de primeira liga, do meio da tabela para baixo, não ganham fácil às equipas de II Liga, e, por vezes, até perdem. Estou bem preparado e documentado. Acredito que iremos ter sucesso, sabendo das dificuldades do próximo campeonato porque há equipas com o mesmo objetivos. Temos de ter consciência disso. O Aves parte com o mesmo grau de dificuldade, com os mesmos zero pontos somados que todos os outros. Vamos para a nossa luta. O importante é acreditarmos no que vamos fazer: equipa técnica, jogadores, Direção, massa associativa, administração, tudo o que envolve este fenómeno do futebol.

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O Ivo Vieira tem um estilo de jogo próprio?
Normalmente tenho o meu modelo de jogo. Gosto de jogar em 4x3x3, por vezes opto pelo 4x4x2, às vezes o 4x2x4 em linha ou losango. Às vezes tem muito a ver com o que o jogo está a dar. Preparo a minha equipa para aquilo que podemos fazer, respeitando e tendo um conhecimento aprofundado do que o adversário faz e dos problemas que nos pode criar. Acima de tudo tento potenciar o que podemos explanar e por em campo. Com as circunstâncias a cada jogo podemos fazer um ou outro ajustamento. Nem que seja por lesão, por expulsão, enquadramento de outro jogador que esteja menos bem, uma alteração do adversário. Mas claro que vamos pensar mais em nós do que nos outros.

Mas é adepto do chamado futebol espetáculo ou mais de contenção?
No passado fui criticado pelo meu presidente da altura porque quando estava a ganhar por 1-0 não gostava de defender. Queria tentar ganhar por 2 ou 3. E isto até mesmo na equipa B do Marítimo. No fundo, sou um defensor do futebol ofensivo. As pessoas que comparecem aos jogos precisam de ver espetáculo. Em Portugal temos os estádios com as limitações de público porque as equipas não oferecem espetáculo, jogam para o resultado e para o ponto. Nós não vamos jogar para o ponto, vamos jogar para os três pontos. Claro que não se ganha só com avançados. Temos de ter uma equipa equilibrada, uma defesa competente, com algumas mais-valias em termos de velocidade para estarmos preparados para criar esse estilo de futebol. Sou defensor de um bom futebol, de sair a jogar. Temos de perceber o que temos e para o que vamos, se a equipa oferece garantias para sair a jogar logo a partir do nosso guarda-redes. Jogar bem, meter muita gente na frente, uma equipa intensa, com exigências, dinâmica. Com o tempo vamos ajustando. O básico será este estilo de futebol, mas sabendo que, do outro lado, existem outros. Se formos sérios, competentes, acreditarmos no nosso trabalho, e aqueles que estão a volta nos ajudarem, vamos dar-lhes esse espetáculo para ficarem contentes e trazerem mais gente ao estádio.

A nova época está em marcha. Alguns jogadores já contratados. O que pretende a partir de agora?
A minha vinda para o Aves está relacionada com a disponibilidade de me darem garantias em termos de plantel e argumentos para poder fazer um campeonato à altura das intenções da instituição. Temos avançado com alguns jogadores e já temos uma base. Agora, temos de ser muito ponderados e assertivos nas próximas contratações. Temos espaço para mais 3 ou 4 jogadores, e temos de ser muito incisivos, porque não podem ser jogadores normais. Todos os que temos são bons e todos aqueles que podem vir têm de acrescentar qualidade. Só a junção destas partes é que fará um Aves mais forte, ficando mais perto de disputar aquele que é o seu objetivo.

Que mensagem quer deixar aos avenses?
O meu muito obrigado por poder representar esta instituição e, acima de tudo, quero fazer com que acreditem neste projeto. Se estivermos todos juntos, a puxar para o mesmo lado estaremos mais perto do sucesso. Se formos todos levantar um carro vamos conseguir coloca-lo no ar. Se for eu sozinho ou outro qualquer, o carro nem se mexe. Por isso estando juntos, fortes e dinâmicos, acho que podemos fazer aqui um bom trabalho e uma época excelente.

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