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A “Santa de Balazar” tinha amigos na Trofa
No ano de 2024 comemorou-se o 120.º aniversário do nascimento da “ Santinha de Balazar” (1904-2024). Na verdade, Alexandrina Maria da Costa nasceu no dia 30 de março de 1904 na pacata freguesia de Balazar, concelho da Póvoa de Varzim.
Com apenas 7 anos, mudou-se para o centro da cidade da Póvoa de Varzim, mais concretamente para a Pensão de um marceneiro, na Rua da Junqueira, a fim de frequentar a escola primária, uma vez que não havia escola na sua freguesia. Fez aí a Primeira Comunhão. Volvidos 18 meses, voltou para Balazar e foi morar com sua mãe e irmã (Deolinda) no lugar do Calvário, próximo da igreja paroquial, onde permaneceu até à sua morte, em 13 de outubro de 1955.
A sua infância foi muito viva com um temperamento feliz e comunicativo; era muito querida pelas colegas.
Era robusta de constituição física, começou a trabalhar nos campos (ao jornal), equiparando-se aos homens e a ganhar o mesmo valor que eles.
Aos 12 anos adoeceu, provavelmente com a febre tifóide, ficando a saúde, a partir desse momento algo comprometida. Aos 14 anos, em pleno Sábado de Aleluia (sábado Santo de 1918), quando estava com sua irmã Deolinda e outra colega a trabalhar na costura, apercebendo-se de que alguns rapazes arrombaram as portas e entraram pela casa dentro, tentou fugir deles, saltando pela janela, (numa altura de cerca de 4 metros), caindo no quintal.
Quando se quis levantar, não o conseguiu e chamou alguém para auxiliá-la a voltar para o interior da casa, pois ela havia partido várias vértebras das costelas. Com o decorrer do tempo ainda conseguiu ir à igreja – ainda que com grande dificuldade – no entanto, apesar de várias visitas aos médicos de fora da zona (Porto) quer outras visitas (médicas) ao seu domicílio, e com tratamentos, nunca conseguiu curar-se, e pelo contrário a paralisia foi avançando até que em 14 abril de 1925 Alexandrina ficou praticamente “acamada” durante 30 anos.
De 3 de outubro de 1938 a 24 de março de 1942, todas as sextas feiras, alegou “viver os sofrimentos da Paixão de Cristo, superando a paralisia, descia da cama, e, dando mostras de sofrimento físico, repetia, por três horas e meia, as etapas da Via Sacra”.
A partir de 27 de março de 1942 é alegado que “deixou de se alimentar nos (últimos) 13 anos de vida, vivendo exclusivamente da comunhão diária”.
Para verificar a “inédia” (abstinência absoluta de alimento), Alexandrina foi internada no Refúgio de Paralisia Infantil, na Foz do Douro-Porto. Foi submetida à vigilância de um grupo de médicos especialistas, por um período de 40 dias e no final asseguraram que “era absolutamente certo” que durante aquele tempo, não tinha comido, bebido, defecado ou urinado.
Nos finais de sua vida, começou a desenvolver-se à volta de Alexandrina um fenómeno de popularidade, que levou muita gente, sobretudo das regiões do Minho e Douro Litoral, em peregrinação até ao seu leito em busca de aconselhamento espiritual.
Faleceu no dia 13 de outubro de 1955, na sua residência em Balazar, tendo sido beatificada pelo papa João Paulo II a 25 de abril de 2004.
Processo de Beatificação de Alexandrina
Após a sua morte, a afluência de peregrinos a Balazar, tanto à casa onde ela habitou, como ao cemitério, continuou e em grande número. Era comum ouvir chamar Alexandrina de “a Santinha de Balazar”, ou “Mãe dos pobres” ou a “Doentinha de Balazar”. Estas designações expressavam a confiança na “santidade” de Alexandrina por parte do povo.
O arcebispo de Braga D. Francisco Maria da Silva, tendo auscultado a opinião dos bispos portugueses, seus colegas no ministério episcopal, acerca da possibilidade de abertura do processo informativo sobre a vida, virtudes e fama de santidade, decidiu avançar com o Processo Diocesano com vista à beatificação e posterior canonização de Alexandrina de Balazar, o que veio a verificar-se a 14 de janeiro de 1967.
Em Janeiro de 1996, Alexandrina é declarada Venerável, pela Congregação para a Causa dos Santos, um passo e uma etapa importantes para a Causa da Beatificação, que viria a ocorrer no dia 25 de abril de 2004, em Roma, pelas mãos do papa João Paulo II.
O milagre “pretendido” e “exigido” pela Santa Sé para a beatificação, ocorreu em 1995, e através da cura de “doença de Parkinson”. A “miraculada” foi Maria Madalena Azevedo Gomes, natural de Ribeirão e residente em Beiriz, concelho de Vila Nova de Famalicão.
Novo santuário eucarístico em honra da Beata Alexandrina
A Bênção da 1.ª Pedra do novo Santuário Eucarístico de Alexandrina de Balazar foi feita no dia 13 de outubro de 2018 pelo arcebispo bracarense D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga e a construção do mesmo já se apresenta em bom andamento. O valor estimado para a primeira fase ronda os 10 milhões de euros, segundo informou o pároco de Santa Eulália de Balazar, Reverendo Manuel Casado Neiva, em abril de 2023.
Alexandrina de Balazar “visita” o empresário trofense Sr. Sampaio
Quem foi o Sr. Sampaio, da Trofa, que aparece “referido” no processo diocesano da “Santa de Balazar”?
António Moreira da Fonseca Sampaio nasceu em 24 de julho de 1879, no lugar de Real, freguesia de S. Martinho de Bougado, tendo casado com Rita da Costa Reis.
Segundo nos relata o Professor Napoleão de Sousa Marques, o Sr. Sampaio, como era conhecido, “foi um dos maiores agricultores e industriais da Trofa” nos primórdios do século XX.
“A ele se deve a fundação de uma fábrica de serração de madeiras, no longínquo ano de 1912, próximo da via férrea, quase em frente à estação ferroviária (da Trofa). Dela saía tabuinha para caixas de embalagem de fruta, exportada principalmente para Moçambique. Nesta fábrica António Sampaio instalou uma oficina de serralharia mecânica para reparação das máquinas de trabalhar madeira montada por Manuel da Silva Pinheiro”.
Foi também nesse estabelecimento que o Sr. Sampaio “instalou uma moagem mecânica de cereais, uma fábrica de pentes de osso e uma central eléctrica que fornecia energia para o centro urbano da Trofa”.
Tornou-se um grande admirador e amigo de Alexandrina de Balazar, ao ponto de recebê-la em sua casa por diversas ocasiões durante a vida da “santinha”.
António da Fonseca Sampaio viria a falecer nos finais de janeiro de 1970, com 91 anos.
Segundo consta no processo diocesano, o Sr. Sampaio “ligou-se à Alexandrina por causa duma doença de sua esposa, Rita da Costa Reis. Isto mesmo é testemunhado por sua filha Albina Reis da Fonseca Sampaio. Nele é referido que “por causa dessa doença, o Sr. Sampaio acompanhou e certamente levou, o Dr. Azevedo na primeira visita que este fez à Alexandrina, em 29 de janeiro de 1941. No carro do Sr. Sampaio viajou, também, o pároco de S. Martinho de Bougado, à época, o Reverendo Alberto Pinheiro Machado.
Neste processo consta o seguinte testemunho do Dr. Azevedo:
“Em 14 de fevereiro de 1941, eu e o Sr. Sampaio, com mais algumas pessoas, assistimos aos fenómenos abaixo mencionados, e fiquei espantado com tudo o que acontecia; e que tais fenómenos são admiráveis, pode provar-se pela fotografia que deles temos. Mas, havia no fim daqueles fenómenos o que chamávamos ´êxtases dialogados’ mas que são admiráveis e causam espanto a quantos ainda hoje as escutam, porque alguns foram guardados em registo magnético”.
O Sr. Sampaio levou ainda o Dr. Azevedo na primeira visita que fez ao Pe. Mariano Pinho, e em muitas ocasiões.
Alexandrina em casa do Sr. Sampaio
No dia 1 de julho de 1941, Alexandrina precisou de ir ao Porto à consulta com o Dr. Gomes de Araújo. À ida parou na Trofa; ela descreve esse episódio na sua Autobiografia:
“Era já dia claro quando parámos em casa do senhor que nos acompanhava, na Trofa. Era aí que eu ia descansar e receber o meu Jesus.” (com certeza das mãos do Pe. Alberto Machado), esperando pela hora de seguir para o Porto.
Antes de continuar a minha viagem, levaram-me ao jarddim do Sr. Sampaio. Amparada e sob a mesma acção divina, fui até junto de umas florinhas, que colhi, dizendo:
Quando Nosso Senhor criou estas florinhas, já sabia que hoje as vinha colher.
Depois, fui fotografada em dois lugares escolhidos. Desloquei-me de um lugar para o outro por meu pé, o que nunca pude fazer depois que acamei (em 1925), pois nem sequer podia voltar-me de lado, na cama. Só um milagre divino, porque sem ele não me mexia, nem sequer consentia que me tocassem”.
A estas informações há a acrescentar que ela teve lá um “êxtase” e além disso comeu alguma coisa.
O facto de ter comido levou o Pe. Agostinho Veloso a pôr em causa o seu jejum, no Processo Diocesano (bracarense).
O Sr. Sampaio também haveria de acompanhar a Alexandrina na viagem de ida para o Refúgio da Paralisia Infantil.
O “extraordinário” caso sucedido com o carro do Sr. Sampaio
No Processo Diocesano, o Dr. Azevedo conta este extraordinário episódio, acontecido vários anos depois da “estadia” de Alexandrina, na Trofa:
“Quando visitava Alexandrina e lhe dizia que ia embora, sempre me disse que ficasse mais um pouco. Mas aconteceu que num domingo, tendo combinado com o Sr. Sampaio da Trofa ir de visita à Alexandrina, por motivos profissionais, fui obrigado a chegar mais tarde. Quando cheguei junto da igreja de Balazar, encontrei o condutor do Sr. Sampaio que me disse que não poderia demorar-me porque o carburador do automóvel do Sr. Sampaio tinha partido, a gasolina se perdera e que eu teria de levar gente do Sr. Sampaio à estação de Famalicão.
Respondi-lhe que sim. E quando cheguei à casa de Alexandrina, disse-lhe e aos familiares: ‘Afinal cheguei mais tarde, mas tenho que já de partir, e daqui a pouco, porque tenho de levar a gente do Sr. Sampaio à estação de Famalicão porque o carburador do automóvel do Sr. Sampaio, como me disse o condutor, o Chiquita, partiu’.
O Sr. Sampaio disse, ‘está bem’, mas a Alexandrina respondeu-me que não seria preciso ter tanta pressa, porque o automóvel andaria. ‘ Como pode andar o automóvel, disse-lhe, se o carburador está partido’?
Ela sorriu e disse que poderia andar. Pensámos, eu pensei, que estivesse a brincar, o facto é que pouco depois saímos convencidos de que tivesse de fazer aquelas viagens.
Chegados junto do automóvel, disse ao condutor para sair do carro, que nós o empurraríamos até à casa próxima, onde ficaria estacionado. Ficámos maravilhados vendo que o motor começava a trabalhar e rindo fomos dizer aos que tinham vindo naquele automóvel que saíssem para ir para casa. Foi um pecado que não controlássemos a gasolina do automóvel, pois antes o condutor tinha-nos dito que o carburador não a retinha.
Viajámos até Sitães, onde parou o carro do Sr. Sampaio. Saí do meu e aproximei-me do do Sr. Sampaio para lhe dizer que andassem sempre e disse ao condutor: ‘Afinal o carro anda’.
Este carro veio até uma casa da Trofa, que está na margem esquerda do rio Ave. O carro parou neste lugar para ser guardado na casa, como era costume. Depois das pessoas sairem, o condutor tentou pô-lo a andar, mas não conseguiu. Olhámos o motor e de facto o carburador estava partido e por isso tivemos de empurrá-lo até à garagem.
Depois contei o caso à Alexandrina, que me não disse nada, só me respondeu com um sorriso”.
António Costa- Leia a notícia em www.onoticiasdatrofa.pt
https://www.onoticiasdatrofa.pt/a-santa-de-balazar-tinha-amigos-na-trofa/?utm_source=dlvr.it&utm_medium=wordpress
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