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Ana Azevedo venceu Quina de Ouro: “Jogo pelo amor que tenho pelo futsal e pelo clube”

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Foi mais um golo na carreira da famalicense Ana Azevedo, a mulher que sabe o que faz com uma bola nos pés. Ana Azevedo, capitã do Futebol Clube Vermoim e da Seleção Nacional, recebeu a Quina de Ouro, prémio atribuído pela Federação Portuguesa de Futebol, que a distingue como a Melhor Jogadora de Futsal de Portugal.

Foi um ‘golo de ouro’ para a famalicense que, em 2013, já havia sido considerada a terceira melhor jogadora de futsal do mundo. Ana Azevedo foi, com 49 por cento da votação, considerada, esta segunda-feira, dia 20 de março, a melhor jogadora de futsal do país. E, se ainda há quem pense que o futsal é modalidade de homens, Ana é a prova de que há mulheres que sabem o que fazer com uma bola nos pés.
Desde muito pequena soube que a bola ia ser uma das suas melhores amigas. Por essa altura, a famalicense ainda não sonhava que um dia seria a melhor entre as melhores, mas já tinha o “amor” que é necessário para fazer do futsal um hobby tão sério. Ana Azevedo começou, como a própria diz, “no clube da terrinha”, em Castelões, passou pelo Louredo, começou a jogar futsal federado em Mogege, na Associação Desportiva e Recreativa de Mogege, e chegou ao Futebol Clube Vermoim, onde está “há dez anos”. “É quase um casamento mas estou muito feliz, por isso é que nunca saí”, disse ao Jornal do Ave a atleta. Por isso, é também com o clube e os adeptos que Ana Azevedo partilha a Quina de Ouro. “Sem eles não me era permitido ganhar este prémio”, assegurou a jovem que sente “um orgulho enorme” no troféu, que considera “coletivo”. “É o reconhecimento de um ano fantástico de Futebol Clube Vermoim”, acrescentou.
O treinador do FC Vermoim Francisco Paiva, também ele nomeado para as Quinas de Ouro, trabalha com a atleta “há cerca de 12 anos” e considera Ana “a melhor atleta portuguesa”. “Tem tudo. É uma jogadora universal, joga em todas as posições e sempre bem, tem uma disponibilidade física fora do vulgar, tem um pulmão como eu nunca vi e é uma das poucas jogadoras do futsal português que consegue jogar 40 minutos ao mesmo nível “, descreveu o técnico. Francisco Paiva “não tinha dúvidas” que seria Ana a vencedora da Quina de Ouro na categoria de Melhor Jogadora de Futsal, já que a famalicense fez “a melhor época de sempre o ano passado, porque acabou por preencher uma lacuna que era a finalização e teve a um nível muito elevado”.
Ser eleita a melhor jogadora da modalidade, afirma a atleta, “não acresce responsabilidade”. “Eu jogo igual com ou sem distinções, jogo pelo amor que tenho pelo futsal e pelo clube”, garantiu. E foi o amor ao clube que levou Ana Azevedo a negar convites “em Portugal, Itália e Espanha”. “Quando se vai pelo dinheiro não se vai pelo amor e eu jogo pelo amor à camisola e pelo bem que isto me faz”, asseverou. Para Ana “o FC Vermoim tem tudo” e tem aquele que considera “o treinador da sua vida, Francisco Paiva”. “Foi a pessoa que mais me ajudou no futsal e este prémio que eu ganhei, a Quina de Ouro, sem dúvida alguma é partilhado e dedicado a ele”, revelou Ana. “Eu nunca precisei sair do Vermoim, o clube da terra, para ser reconhecida a nível nacional e internacional”, explicou a atleta, que espera ser “um exemplo para todos os jovens que estão a começar” e a prova de que “nem sempre é preciso ir para clubes de topo para se ganhar títulos e reconhecimento”.
E, para a melhor jogadora do país, nem só de resultados se faz o desporto. No FC Vermoim, por exemplo, “não formam só atletas mas também mulheres e homens e isso é o mais importante no desporto”, confidenciou Ana Azevedo.
Além da braçadeira do FC Vermoim, a famalicense é também a capitã da Seleção Nacional, braçadeiras que carrega “com orgulho” e que vê como “um reconhecimento pelo exemplo pelo sacrifício, garra, entrega e dedicação em todos os jogos”, já que “no desporto nada se conquista sem sacrifício, dedicação e alma”. Quanto ao futuro, Ana tem um desejo: “Gostaria de não abandonar o futsal sem ter um título pela seleção”.

Mulher dentro e fora de campo

Ana Azevedo é administrativa mas às terças e quintas-feiras à noite encontramo-la na sua segunda casa, o Pavilhão Terras de Vermoim. Uma dedicação gratuita, porque as atletas não são “recompensadas monetariamente por jogar”. E, para alguns, parece que mulher e futsal não rimam, mas as atletas do clube famalicense são a prova de que “a luta, durante vários anos, para que o futsal feminino evoluísse” valeu a pena.
Ana diz que a atleta dentro das quatro linhas não se distancia muito da mulher fora do campo. Ambas são iguais “na entrega e dedicação”.

O homem por de trás das campeãs nacionais

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Francisco Paiva estava entre os nomeados para as Quinas de Ouro, na categoria de Treinador do Ano Futsal Feminino. Uma nomeação que, “apesar do reconhecimento do trabalho”, “não foi surpresa”, uma vez que a equipa comandada por si é campeã nacional, por isso “era normal que o treinador não ficasse de fora”. “Não ganhar não é importante”, confidenciou ao Jornal do Ave, Francisco Paiva. ”Não vou dizer que não gostaria de ter ganho, mas não são esse tipo de coisas que me fazem estar na modalidade, porque eu gosto é de estar com o grupo que tenho e de treinar”, acrescentou.
O treinador das meninas do Vermoim sente-se “um privilegiado” por comandar um grupo onde, apesar de cada um “ ter o seu trabalho e a sua vida priva”, nos momentos de treino e de jogo “dedicam-se inteiramente”. Apesar da equipa “saber perder”, joga “sempre para ganhar”. E por falar em ganhar, há um troféu que nem o clube nem Francisco Paiva têm no currículo: A Taça de Portugal. Por isso este é “um objetivo pessoal e coletivo”.

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