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Animais resgatados na serra da Agrela estão a ser repartidos por associações

Jornal do Ave

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Os animais resgatados dos dois canis atingidos sábado pelo incêndio na serra da Agrela, no concelho de Santo Tirso (Porto), estão a ser distribuídos por associações de proteção de animais e a ser encaminhados para clínicas, disseram testemunhas.

Sónia Cunha, uma das pessoas que se dirigiu hoje ao local para ajudar a resgatar os animais, disse à Lusa que foi montado um hospital de campanha no local, para a prestação dos primeiros cuidados aos animais, e que estes estão a ser distribuídos entre associações de proteção dos animais e, os que estão em estado mais grave, enviados para clínicas veterinárias.

Sónia Cunha afirmou que, além do “Cantinho 4 patas”, onde, segundo a Câmara de Santo Tirso, morreram 54 animais, há um segundo canil, menos atingido, mas de onde os populares estão igualmente a retirar os animais.

A fonte adiantou que os proprietários do “Cantinho das 4 patas”, um casal e a filha, tiveram de ser retirados pela GNR, devido aos insultos e ameaças de agressão proferidas pelas dezenas de pessoas que acorreram ao local e que não esconderam a indignação perante o cenário que encontraram.

“Só hoje, depois de extinto o incêndio, as autoridades deixaram as pessoas passar”, disse, adiantando que, assim que se soube que o fogo lavrava na zona onde se situavam os canis foram muitos os que tentaram chegar ao local, de difícil acesso, mas foram barrados pela GNR.

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Uma outra testemunha disse à Lusa ter encontrado um “cenário dantesco”, que “podia ter sido evitado”, se se tivessem retirado os animais a tempo.

Tendo recolhido elementos que vai entregar segunda-feira junto do Ministério Público, esta testemunha, que prefere não se identificar, afirmou que, embora se trate de propriedade privada, nestas situações prevalece o direito dos animais à vida, tanto mais que a legislação assegura hoje que não sejam mais tratados “como coisas”.

Na sua página no Facebook, a Intervenção e Resgate Animal (IRA) afirma estar no local “a prestar auxílio médico-veterinário a animais feridos pelas chamas e inalação de fumos”, juntamente com a Associação Portuguesa de Busca e Salvamento, que está presente com cinco operacionais, incluindo uma enfermeira veterinária.

A Câmara de Santo Tirso disse hoje, em comunicado, que o serviço municipal de proteção animal “manifestou sempre total disponibilidade às entidades que coordenavam as operações no terreno para transferir os animais para as instalações do Canil/Gatil Municipal, bem como procurar junto de outras instituições e parceiros soluções para acolher os animais”.

No entanto, “o plano de retirada apenas pôde ser executado durante o dia de hoje, porque não estavam, de acordo com as autoridades de proteção civil, reunidas as condições de segurança para o realojamento dos animais durante a madrugada de sábado”.

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A autarquia do distrito do Porto afirmou ainda que “assumiu, desde a primeira hora, as suas responsabilidades no terreno, bem como realizou todos os esforços para salvaguardar a vida dos animais, não podendo sobrepor-se às entidades que coordenaram as operações”, tendo contado com a presença da Proteção Civil Municipal, Polícia Municipal, Serviço Municipal de Ação Social e Serviço Municipal de Proteção Animal.

No incêndio, que se iniciou em Valongo e chegou à freguesia tirsense de Agrela, morreram 52 cães e dois gatos, de acordo com números da autarquia, que lamentou os óbitos e a “instrumentalização política” do sucedido, adiantando ainda que foi possível contabilizar com vida 110 cães que se encontravam no abrigo.

A GNR esclareceu que a morte de animais no incêndio em Santo Tirso não se deveu ao facto de ter impedido o acesso ao local de populares, mas à dimensão do fogo e à quantidade de animais, porque à hora a que as pessoas tentarem aceder ao local “já tinham sido salvos os animais que foi possível salvar”.

Segundo a GNR, ”os bombeiros combateram o incêndio, conseguindo evitar que o espaço ardesse todo, havendo condições para que os restantes animais permanecessem no local até que se resolvesse a situação, sendo retirados apenas os animais feridos, por indicação do veterinário municipal”.

Mais tarde, segundo a GNR, já na fase de rescaldo do incêndio, “durante a madrugada, diversos populares pretenderam aceder ao terreno, situação para a qual a Guarda foi alertada pela proprietária do terreno”.

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“Pelo facto de, àquela hora, já não existir urgência, uma vez que a situação estava já a ser tratada pelas entidades competentes e por se tratar de propriedade privada, os militares da Guarda impediram os populares de aceder ao espaço”, justifica esta força de segurança.

Uma petição a pedir “justiça pela falta de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo Tirso” reuniu, até cerca das 20:20, mais de 65.000 assinaturas.

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