Crónicas & Opinião
Cantinho da Saúde | Inteligência artificial nos hospitais: ficção ou realidade?
Já temos sinais claros de que a tecnologia está a entrar no mundo da medicina, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Durante muito tempo, quando ouvíamos falar em inteligência artificial, imaginávamos robots futuristas ou computadores que pensavam por si próprios. Era coisa de filmes e livros de ficção científica. Mas a verdade é que, hoje, a inteligência artificial (IA) já está bem mais próxima de nós do que imaginamos — até na área da saúde.
A pergunta é simples: será que a IA já chegou, de verdade, aos nossos hospitais ou continua a ser uma promessa para o futuro? A resposta não é preto no branco. Já temos sinais claros de que a tecnologia está a entrar no mundo da medicina, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Vamos a exemplos práticos. Já existem programas de inteligência artificial capazes de analisar exames médicos — como TACs, ressonâncias e mamografias — e detetar pequenos problemas que, por vezes, podem escapar até aos olhos mais experientes dos médicos. Um algoritmo pode, por exemplo, identificar um tumor numa fase muito precoce, aumentando as hipóteses de sucesso no tratamento. Mas atenção: estes sistemas não servem para substituir os profissionais, mas sim para ajudá-los, funcionando como uma espécie de “segundo olhar” atento e imparcial.
Outro exemplo é a triagem nas urgências. Com o apoio da IA, é possível organizar melhor as prioridades entre os doentes que chegam a um hospital, ajudando a garantir que os casos mais graves são tratados mais rapidamente. Já nem falamos das áreas mais “invisíveis” ao público, como a gestão de camas hospitalares ou a organização de turnos — também aí os algoritmos já começam a fazer a diferença.
Mas então, se já temos tanta tecnologia disponível, por que motivo ela ainda não é uma realidade em todos os hospitais portugueses? A resposta passa por várias razões. Desde logo, o investimento. Implementar sistemas de inteligência artificial custa dinheiro — não só na compra dos equipamentos e softwares, mas também na formação das equipas que os vão utilizar. Depois, há questões legais e éticas a resolver: quem responde se um algoritmo falhar?
Como garantir que estas ferramentas não tomam decisões injustas ou baseadas em dados errados?
E depois há um fator humano que não podemos ignorar: o medo da mudança. A medicina é, por natureza, uma profissão muito ligada ao contacto humano, à relação entre médico e doente, à responsabilidade pessoal. Não é fácil pedir a um profissional que passe a confiar, em parte, numa máquina para tomar decisões tão delicadas como um diagnóstico ou uma estratégia de tratamento.
Mas, se formos realistas, percebemos que a inteligência artificial não vem para substituir ninguém. Vem para ajudar. Num país onde o Sistema Nacional de Saúde vive sob pressão constante — com falta de profissionais e listas de espera a crescer —, faz todo o sentido usarmos todas as ferramentas ao nosso alcance para tornar os cuidados de saúde mais rápidos e eficientes. E isso inclui a tecnologia.
O segredo está em encontrar o equilíbrio certo. A tecnologia deve ser usada para libertar os profissionais de tarefas repetitivas ou demoradas, para lhes dar mais tempo e disponibilidade para fazer aquilo que só um ser humano sabe fazer bem: cuidar, ouvir, interpretar e criar empatia.
A inteligência artificial na saúde já não é ficção. Já cá está — ainda que de forma discreta — e veio para ficar. Agora, a verdadeira pergunta é: estamos nós preparados para a aproveitar da melhor maneira?
Enfermeiro Hugo Sousa
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