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Escrita com Norte | A ternura dos cinquenta… e um

Jornal do Ave

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Festejam-se os nascimentos, as passagem de ano e o centenário dos outros. Celebram-se as mudanças de século e de milénio. Queremos que o tempo acelere, para que cheguem as férias e os 18 anos. Dá-nos entusiasmo os golos da nossa equipa e o “sim” da rapariga de quem gostamos. Ficamos satisfeitos, quando chegamos a casa um segundo antes de começar a chover torrencialmente e, por vezes, com o ponteiro da balança. Serena-nos, quando o bem prevalece e os “nossos” estão bem…

São dez horas e acordei por mim, sem a ajuda do despertador, depois de acertar contas num sonho com o Vilaça, que me deu os berlindes perdidos num jogo aos 12 anos, depois de lhe dar uma coça a seguir à aula de “Português”.

Desnudo-me dos lençóis, saio da cama e inicio o processo despertar, esticando o corpo. Sinto o estalar de algumas articulações, mas nenhuma dor. Meia dúzia de passos até à casa de banho e executo o segundo passo do processo despertar, lavar a cara. Olho-me e vejo reflectido um rosto com brilho e sem rugas. Na cozinha, depois do pequeno-almoço, termino o processo (pensava eu), com um café! Sinto-me jovem e vibrante!

Trimmm – o toque do telefone rompe o silêncio. Coloco os óculos e gravado no telemóvel aparece, “Mamã”.

– Parabéns filhinho! Como te sentes na “caminhada” dos 50? Charmoso e bonitão, aposto?! – pergunta a minha mãe.

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Nos últimos anos tenho sido apanhado desprevenido pela pergunta, não pelo lado do “charmoso” e muito menos pelo de “bonitão”, mas pelo lado do “na caminhada dos…”. Hoje, 26 de Dezembro, faço anos…outra vez!
Sem saber como me sentia, respondi:

– Sinto-me espectacular!!! – e desliguei.
Com o relembrar da data, senti uma picada no joelho e espreitei o espelho, que reflectiu um rosto com rugas.

(Tirei os óculos, afinal, só preciso deles para ler)

Atordoado, cometo uma série de acções e pensamentos aleatórios. Dou sete pulos, dois deles em pé coxinho, e de seguida inspiro fundo e tento aguentar o máximo de tempo com o peito cheio, enquanto penso, que eu, José Calheiros (JC), nasci no dia 26/12, para não tirar o brilho aos festejos do outro JC, que nasceu a 25/12. A Psicologia, explicaria a “acção” como um acto de rebeldia parvo-infantil, enquanto o “pensamento”, como um sentimento de narcisismo parvo-juvenil. O Sr Guedes, reformado da CP, diria que a “acção” e o “pensamento”, são de um tolo de meia idade, com a mania que é jovem.

(Inclino-me para a opinião do Sr Guedes, além de mais barata, é a mais certeira)

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À noite haverá festa, a Dona Tininha faz questão de organizar o jantar dos meus anos, nunca se esquecendo da data em que foi mãe, mas o Tempo passa mais depressa do que aquilo que me sinto envelhecer, ultrapassando-me calcando a linha contínua.

Já lhe propus festejarmos de três em três anos, pela mesma razão que não festejamos um auto golo da nossa equipa, nem quando a rapariga de quem gostamos diz “não”. Já não tenho uma carta para tirar nem pressa para ir votar, por isso, o tempo pode abrandar. Aliás, eu quero que o Tempo seja multado por excesso de velocidade.

Mas à noite, no fim de jantar, quando nos despedimos, ela repete a mesma coisa desde sempre, “És o jovem mais bonito e charmoso… e uma joia de rapaz”.

Regresso a casa a pensar, “Só pode ser verdade! Ninguém consegue mentir tão bem e de forma tão convincente, durante tanto tempo!”, nem mesmo uma mãe!

Quem tem uma mãe tem tudo, mesmo quando já não somos crianças!- Leia a notícia em www.onoticiasdatrofa.pt
https://www.onoticiasdatrofa.pt/escrita-com-norte-a-ternura-dos-cinquenta-e-um/?utm_source=dlvr.it&utm_medium=wordpress

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