V.N. de Famalicão
Famalicão volta à I Liga 25 anos depois (c/video)
O Famalicão garantiu este domingo a promoção à I Liga, um quarto de século depois da última presença, em 1993/94, acompanhando o Paços de Ferreira no regresso ao primeiro escalão. Após ter goleado na receção ao Vitória de Guimarães B (4-1) durante a manhã, os famalicenses festejaram a subida no sofá, depois de o Estoril ter perdido na visita ao Penafiel (4-2) e ter ficado sem hipóteses matemáticas de alcançar os minhotos.
Orientado por Carlos Pinto, que substituiu Sérgio Vieira a meio da temporada, o Famalicão vai estar pela sétima vez na elite do futebol português, depois de ter marcado presença entre os grandes em 1946/47, 1978/79 e entre 1990 e 1994.
Os 13.ºs lugares nas duas primeiras presenças no primeiro escalão são as melhores classificações do clube, quando o campeonato era disputado por 14 e 16 clubes, respetivamente, em ambos os casos em lugares de descida de divisão. As permanências foram sempre asseguradas tangencialmente, com o 15.º lugar em 1990/91 e os 14.ºs em 1991/92 e 1992/93 – quando foi vencer surpreendentemente ao terreno do FC Porto por 1-0 com um golo do suplente Vieira, antes de os dragões se sagrarem bicampeões.
Seguiu-se, em 1994 a queda para o segundo escalão e, em 1996, novo tombo para fora dos campeonatos profissionais aos quais só viria a regressar na época 2015/16 sob o comando técnico de Daniel Ramos, atualmente no Rio Ave.
Pelo meio, o clube minhoto, atualmente presidido por Jorge Silva, foi notícia quando, em 1999, militando no terceiro escalão, chegou à quarta eliminatória da Taça de Portugal, sendo eliminado pelo FC Porto, que jogava em casa, no prolongamento (4-2). Na temporada 2014/15, ano em que se sagrou campeão do Campeonato de Portugal e regressou à II Liga, também só foi afastado da Taça de Portugal nos quartos de final pelo Sporting, que viria a conquistar o troféu, ao perder por 4-0 no recinto dos leões, perante cerca de 3.000 adeptos do Famalicão.
Durante a travessia de 25 anos no deserto, o emblema minhoto chegou mesmo a disputar os distritais da Associação de Futebol de Braga, em 2008/09. Seguiram-se três anos na extinta III Divisão, quatro no Campeonato de Portugal e outros tantos na II Liga.
Segunda subida de Carlos Pinto
Aos 46 anos, Carlos Pinto, que como jogador se destacou como médio em clubes como Paços de Ferreira, terra natal, Paredes, onde jogou cinco épocas consecutivas, Desportivo de Chaves e Feirense, foi o obreiro da subida de divisão do Famalicão ao substituir Sérgio Vieira no comando técnico dos famalicenses após a 26.ª jornada.
Na época passada, Carlos Pinto tinha conseguido a subida à I Liga do Santa Clara, clube que orientava desde 2015/16 – com uma passagem pelo meio pelo Paços de Ferreira -, tendo iniciado a presente temporada na Académica, um dos perseguidores do Famalicão. Há três anos, na temporada 2014/2015, Carlos Pinto deixou o Desportivo de Chaves no terceiro lugar da II Liga com os mesmos 80 pontos do União da Madeira e a um do Tondela, primeiro e segundo classificados e promovidos de divisão nessa época.
Antes das duas subidas, o técnico cumpriu a sua estreia no principal escalão, no Paços de Ferreira, em 2016/17 — pelo meio da experiência açoriana –, mas saiu com 14 jogos realizados e apenas quatro vitórias.
Anteriormente ao sucesso no segundo escalão, Carlos Pinto tinha no currículo outra promoção, a subida de divisão do Freamunde do Campeonato Nacional de Seniores à II Liga em 2013/14.
No clube de Vila Nova de Famalicão, após orientar o seu primeiro treino em 19 de março, assumiu ao que ia: “Estou muito feliz por orientar o Famalicão com o objetivo claro de subir de divisão. O grau de dificuldade é elevado. Conheço a II Liga, vai ser uma luta até à última jornada”.
Afinal, foram apenas precisas cinco vitórias em cinco jornadas, duas delas fora (3-2 sobre o Leixões e 3-1 na casa do Benfica B) e uma delas contra o anterior clube e adversário direto, 2-0 na receção à Académica na jornada 29.
Investidor sonha com a Europa
Investidor e responsável máximo da SAD do Famalicão prometeram hoje “tentar algo maior” após o clube minhoto ter assegurado o regresso à I Liga, 25 anos depois.
Molhados, suados e eufóricos, o investidor israelita Idan Ofer e Miguel Ribeiro, responsável pela gestão do clube, declararam aos jornalistas que a subida do Famalicão à I Liga não poderá ser efémera.
“Vamos ver o próximo objetivo. Mas queremos ir longe. O clube quer fazer uma grande época. E claro que asseguro o investimento, aliás o investimento vai crescer”, disse Idan Ofer, que já à pergunta sobre se pensa na luta por lugares europeus referiu: “Obviamente espero lutar por isso”.
O milionário israelita conhecido pelos investimentos no Atlético de Madrid, por ter pagado 600 mil euros por uma réplica da Bola de Ouro do português Cristiano Ronaldo e pela ligação anterior ao Rio Ave, disse estar “muito contente” pelo “feito espetacular” alcançado pelo Famalicão.
Já Miguel Ribeiro, sem lançar rótulos aos próximos objetivos, repetiu a ideia de que o clube de Vila Nova de Famalicão, cidade que neste fim de tarde está em festa com milhares de pessoas pelas ruas com bandeiras e cachecóis a aguardar a passagem dos seus heróis, vai “tentar algo maior”.
“Hoje atingimos a I Liga. Está concretizado. Agora é festejar e, brevemente, meter as mãos à obra e tentar algo maior. Assumo sem problema nenhum. O nosso objetivo na I liga será maior e objetivo maior é lutar pelos primeiros lugares”, apontou.
O responsável máximo da SAD famalicense lembrou que a sua equipa tem 10 meses de casa e que era este o desfecho que tinha “desenhado”.
“Nem sempre os nossos desejos se concretizam e, de facto, concretizámos, mas queremos muito mais, muito mais. Hoje é dia de celebrar. É dia de abrir as portas a esta cidade e a estes adeptos que tanto merecem. Somos um exemplo na II Liga. Criámos uma Liga à parte. Somos o clube que levou mais gente a estádios fora, o clube que mais apaixonou as pessoas, criámos eventos, criámos marca, criámos um clube à volta de pessoas e para pessoas. Vamos continuar com ambição”, afirmou.
Miguel Ribeiro não desvendou o futuro quanto à continuidade ou não de Carlos Pinto no comando técnico dos minhotos, uma postura cautelosa que o técnico também preferiu adotar quando, esta tarde, saiu do estádio e se preparava para entrar no autocarro que vai percorrer as ruas de Famalicão com os jogadores no topo.
“Neste momento mais do que olhar para o futuro, temos de realçar um facto. O Carlos [Pinto] em cinco jogos tem cinco vitórias. Não esqueço quem esteve atrás, o Sérgio Vieira [treinador que orientou o clube até à 26.ª jornada] que construiu esta caminhada. Os resultados estão à vista e agora temos de lutar pelo que falta lutar que é o campeonato”, disse Miguel Ribeiro.
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