V.N. de Famalicão
Imbróglio na Junta de Ribeirão: Leonel Rocha vê proposta de constituição de executivo chumbada pela oposição
O imbróglio começou este fim de semana e promete fazer correr tinta nos próximos tempos. Leonel Rocha, candidato do PSD/CDS-PP eleito sem maioria para a Assembleia de Freguesia de Ribeirão, viu a proposta para a constituição da junta de freguesia chumbada pelos eleitos do movimento independente Juntos Por Ribeirão e Partido Socialista, na manhã de domingo.
Na sessão de tomada de posse, os elementos não chegaram a acordo quanto à constituição do executivo da Junta de Freguesia, pelo que, temporariamente, o presidente Leonel Rocha terá a acompanhá-lo dois vogais que transitam do executivo anterior, numa gestão em duodécimos até que haja acordo entre eleitos ou, caso contrário, se convoque novas eleições.
Questionado pelos jornalistas, Leonel Rocha declarou que apresentou “duas propostas” aos eleitos da oposição, em que uma delas seria “o PS tomar conta da mesa da assembleia e viabilizar a junta de freguesia” e a outra que o grupo independente “a possibilidade de gerir a junta e a assembleia ou de ficar, exclusivamente, com a assembleia de freguesia”.
“Às duas candidaturas coloquei um terceiro cenário que, eticamente, acho que não deveria ser usado, que era o cenário de as duas forças (grupo independente e PS) fazerem parte da Junta. Mas sendo um órgão que funciona por maioria, e não aceitando eu estar em minoria, iria ter um membro, mais um de cada força política, como é que depois, em assembleia, iriam votar os assuntos?”, questionou.
Leonel Rocha referiu ainda que não surgiram contrapropostas das outras forças políticas, pelo que apresentou a proposta para a constituição da Junta, que acabou chumbada pela oposição.
“Eu acredito que é possível o diálogo e o entendimento. Gostava, naturalmente, que me tivessem dado uma contraproposta ou que me tivessem dito como é que é possivel estar nos dois órgãos, uma vez que um fiscaliza o outro. Nessa perspetiva, iremos conversar e se eles acharem que também devem estar no contexto da junta de freguesia isso não será, propriamente, um entrave. Eu não estou aqui para impor os meus caprichos, estou aqui pelo melhor de Ribeirão e é isso que também espero da oposição”, acrescentou o autarca.
Já a Assembleia de Freguesia foi constituída, sendo liderada por Cristina Sá, do movimento independente Juntos Por Ribeirão.
Em comunicado, o movimento independente “Juntos por Ribeirão” diz que “esteve sempre disponível para negociar e encontrar uma solução que garanta a estabilidade e governabilidade de Ribeirão” e que “nas poucas oportunidades” que teve para se manifestar, apontou para a proposta de um executivo que “refletisse o resultado eleitoral”. “Lembramos que 57% dos eleitores disseram não querer a coligação ‘Mais Ação Mais Famalicão’ a dirigir os destinos da nossa vila. A lógica de consensos e capacidade de diálogo que o vencedor enalteceu no seu discurso de vitória, na noite eleitoral, ficou muito aquém do esperado. Por todos estes motivos, e perante a constante intransigência que verificamos da outra parte, não sobrou outra alternativa à bancada do Juntos por Ribeirão que não fosse votar contra esta proposta de executivo, tendo em conta que, mais uma vez lembramos, não refletiu os resultados eleitorais”, pode ler-se no comunicado.
O movimento sublinha, porém, que se mantém “disponível para dialogar e negociar o que for necessário, de forma a garantir o progresso e estabilidade da Vila de Ribeirão”.
“Temos consciência das consequências de um executivo de gestão e da governação em duodécimos, por isso, apelamos à capacidade de negociação do presidente de Junta de forma a resolver este impasse o mais rapidamente possível”, acrescentou.
Já o PS, pela voz da eleita Vera Rocha, esclareceu, em declarações ao Povo Famalicense, que não aceitou a proposta de Leonel Rocha para presidir a Assembleia de Freguesia em troca de viabilizar o executivo da Junta de Freguesia, porque “o voto do PS não está à venda” e “não é negociável sob qualquer troca”. “(O voto) será sempre isento de interesses particulares ou de negócios e sempre no interesse dos ribeirenses”, justificou a eleita, que desafia Leonel Rocha a “esquecer o regime de maiorias absolutas” e “aprender a a viver em democracia, como tantos outros autarcas, de norte a sul do país”.
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