V.N. de Famalicão
Maioria das “pessoas que estão no desemprego já não têm vontade ou apetência”
Feira do Emprego e Mostra Pedagógica, integradas na Quinzena da Educação de Vila Nova de Famalicão, juntam oferta e procura no mesmo espaço. Iniciativa decorre a 3 e 4 de maio, no Lago Discount, em Ribeirão.
No arranque de 2017, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão dava conta da descida da taxa de desemprego no concelho. De acordo com dados avançados pelo Município, em janeiro deste ano, o número de desempregados no concelho havia descido de 15,15 por cento, em 2013, para 8,52 por cento, no início de 2017. Uma descida na ordem dos 44 por cento, que corresponde a menos cinco mil pessoas a pertencer às estatísticas do desemprego nacional. “Ouvimos no início deste ano o país alegrar-se com a taxa de um dígito e nós já temos há mais de dois anos”, afirmou no arranque da Feira do Emprego de Vila Nova de Famalicão, Leonel Rocha, responsável pelos pelouros da Educação e Conhecimento e Empreendedorismo da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
Leonel Rocha considera que “grande parte das pessoas que estão no desemprego são pessoas que já não têm propriamente vontade ou apetência para o próprio emprego, porque já têm alguma idade ou por razões de saúde”, por exemplo.
Em Vila Nova de Famalicão a dificuldade passa por “encontrar pessoas para dar resposta às empresas”. Esta realidade é, para o vereador, “por um lado, sinal que as pessoas estão empregadas mas, por outro, não é bom para as empresas”.
A falta de mão de obra é uma realidade confirmada por Manuel Fernandes, Area Manager da empresa de trabalho temporário Randstad. “Na zona não há muito desemprego, mas há muitas empresas a pedir e poucas pessoas a responder. A produção é a área mais procurada e também a que apresenta maior necessidade de mão de obra”. “Precisamos de muitas pessoas de áreas mais técnicas e são essas áreas que nos fazem mais falta e que menos há”, explicou Manuel Fernandes.
Leonel Rocha considera que esta discrepância entre a oferta e a procura tem que ver com algumas leis que considera necessário “rever”. “Se a pessoa que tem o rendimento mínimo aceitar um emprego, nem que seja em part-time ou temporário, perde automaticamente o rendimento mínimo. As pessoas preferem continuar no rendimento mínimo do que arriscar num emprego que não sabem ao certo se vai resultar ou não no futuro”, sublinhou o vereador, que considera que seria uma possível solução “suspender o rendimento mínimo quando se arranja um emprego mas, se porventura não resultar, voltar a ter o rendimento”.
“Para quem quer trabalhar não falta oportunidade”
O vereador considera ainda necessário “fazer com que os jovens possam tentar dar resposta a estas necessidades”, tendo que haver alguma mobilidade para colmatar ainda os números de desemprego existentes. E, já que se fala em jovens, muitos eram os que frequentavam a Feira do Emprego e Mostra Pedagógica logo no arranque da iniciativa. Alguns deles passaram pelo stand da Trofa Saúde Hospital. Joana Teixeira, técnica de Recursos Humanos da empresa, afirmou que o objetivo é “divulgar as ofertas”, que aumentaram com a abertura de novas unidades. “Já tivemos muita gente a vir ao nosso encontro. Há interesse de muitos jovens e pessoas desempregadas que procuram informações”, disse ao Jornal do Ave a técnica pouco depois de se abrirem as portas da iniciativa.
Pelo recinto, a equipa de reportagem do Jornal do Ave foi tendo contacto com diferentes realidades e encontrou “Maria”, como pediu para ser identificada. Desempregada “há cerca de três anos”, Maria, que vive no concelho, foi à Feira do Emprego por “indicação do Centro de Emprego”. Aproveitou para conhecer as ofertas de trabalho, mas ainda não tinha encontrado nenhuma na sua área de formação, a estética. “Acho que há muita variedade de emprego, para quem quer trabalhar não falta oportunidade”, disse ao Jornal do Ave. Maria denotou ainda a falta de interesse de algumas pessoas. “Do centro de Emprego, quem conheço, não tem muito interesse. Eles vêm porque são obrigados, mas é importante vir porque dentro de casa não se arranja trabalho”, asseverou. Maria procurava especificamente um emprego na sua área dado o investimento financeiro da formação mas, caso não encontrasse, fica “informada sobre o que há de oferta no mercado de trabalho”. “Não tinha ideia que a feira ia ter tanta coisa”, afirmou.
Além de emprego, o recinto do Lago Discount serviu para juntar todas as instituições de ensino do concelho. Para a formadora do curso Técnico de Restauração do Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco, Andreia Oliveira, o objetivo é “projetar os cursos profissionais e a escola”. Sendo que o espaço acolhe escolas, estudantes, empresas e visitantes, para a formadora esta é uma boa oportunidade de “fazer chegar ao público-alvo todas as informações”. Paulo Machado, aluno do 11.º ano do mesmo curso, considera que a mostra formativa das escolas do concelho permite esclarecer os potenciais estudantes. “Acho que as pessoas que vão entrar no curso devem perceber como funciona”, disse ao Jornal do Ave o aluno, que sublinhou ainda a importância do contacto com as empresas que poderão ser os locais de trabalho, no futuro, de muitos dos estudantes.
O evento, integrado na Quinzena da Educação, reúne “mais de quatro mil estudantes, dois mil desempregados e pessoas à procura de novo emprego da região e mais de 40 entidades”.
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