Crónicas & Opinião
Memórias e Histórias do Vale do Ave | Apontamentos sobre a Boa Reguladora
“A “Boa Reguladora” será uma das muitas empresas que irá estabelecer-se em Famalicão, após a emissão da sua certidão de nascimento em 1892 na cidade do Porto, para apenas quatro anos depois estar já a operar na região.”


O concelho de Vila Nova de Famalicão ascendeu, desde o final do século XIX, a uma posição de destaque no contexto industrial nacional, em virtude de diversos fatores que são objeto de análise sequencial. No entanto, cumpre assinalar a proeminência da localização geográfica estratégica entre Porto e Braga, cuja importância é acentuada pela disponibilidade de ligações ferroviárias em1875.
O comboio reduzia o tempo da deslocação, facilitando a movimentação de passageiros, e sobretudo, de mercadorias. Deste modo, os negócios deixavam de estar limitados à área dos seus mercados, pois as mercadorias podiam ser introduzidas posteriormente e acompanhar as necessidades dos mercados.
A localização geográfica apresentava-se como uma mais-valia, beneficiando da proximidade da rede ferroviária. Estava, portanto, lançado o início de um período de progresso. No entanto, uma análise mais aprofundada não pode ser feita de forma simplista, sendo necessário ter em conta o elevado número de pessoas empregadas na região. Muitas destas pessoas tinham competências manuais adquiridas ao longo do tempo, pois a sua atividade profissional tinha como complementaridade ao seu orçamento familiar, realizando pequenas funções de costura, tratamento de linho, entre outras, no “conforto das suas casas”.
A “Boa Reguladora” será uma das muitas empresas que irá estabelecer-se em Famalicão, após a emissão da sua certidão de nascimento em 1892 na cidade do Porto, para apenas quatro anos depois estar já a operar na região.
Apenas decorridos dois anos após a inauguração das suas oficinas, a empresa obteve o seu primeiro reconhecimento, ao conquistar uma medalha de ouro na Exposição Agrícola e Industrial de Vila Nova de Gaia.
Esta era uma época de orgulho e apreço pelo produto, em que se procurava a excelência na produção, garantindo a qualidade superior dos produtos, que eram concebidos para durar, destacando a marca em vez de uma produção industrial desenfreada.
As feiras industriais eram numerosas, ocasiões em que se procurava evidenciar as competências de cada um na produção, e o reconhecimento do seu mérito era atribuído através da concessão, de prémios e medalhas.
A mudança ocorrida em 1896 para Vila Nova de Famalicão foi estratégica, na medida em que permitiu usufruir de custos mais reduzidos associados à mão de obra, facilidade de acesso às vias de comunicação e proximidade a novos mercados.
As lacunas de segurança eram permanentes, exigindo a observação contínua da evolução do maior número possível de produção e também dos operários. Acima de tudo, era necessário impedir que ocorressem graves incêndios ou explosões, que normalmente resultavam em momentos de pânico para a população.
Em 1923 a empresa em questão enfrentava a necessidade de ampliar as suas instalações. Esta necessidade foi atendida pela construção de um edifício em cimento armado, uma vez que as condições de segurança eram deficientes e havia um elevado risco de incêndio ou explosão, devido à presença de materiais inflamáveis. Esta situação foi descrita no parágrafo anterior e está também relacionada com a falta de preparação dos operários para lidar com eventos de incêndio ou explosão.
Assiste-se, presentemente, a um período de crescimento exponencial. É pertinente recordar os antigos relógios presentes nas estações ferroviárias, onde se podia ler a inscrição “Boa Reguladora”
Esta imagem constitui um dos principais elementos identitários do património ferroviário, tendo proporcionado momentos de lazer a múltiplas gerações de portugueses. Ademais, impulsionou o desenvolvimento das empresas com marca “made in” Vila Nova de Famalicão, como também obviamente valorizando os seus produtos.
Estamos perante um marco significativo da identidade famalicense. Este foi um projeto industrial que envolveu centenas, ou mesmo milhares, de pessoas que teve um impacto substancial na economia local, garantindo o sustento de numerosas famílias desta região. No entanto, como tudo na vida, este processo tem um início e um fim.
Só que em 2009 a empresa foi adquirida por dois antigos trabalhadores que decidiram retomar a produção e a prestação de assistência técnica aos relógios espalhados por coleções particulares. Como consequência, a empresa passou a denominar-se Regularfama.
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