Crónicas & Opinião
O estigma na Saúde Mental: um obstáculo à recuperação
A saúde psicológica é uma parte integral do bem-estar humano e, assim como qualquer condição de saúde física, pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, raça ou classe social.
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Nos últimos anos, a conversa sobre saúde mental tem ganhado destaque em diversas áreas da nossa sociedade. No entanto, apesar dos avanços na compreensão e aceitação das questões relacionadas à saúde psicológica, o estigma continua a ser um dos maiores obstáculos para aqueles que enfrentam problemas psicológicos.
O estigma pode ser definido como um conjunto de preconceitos e discriminações que recaem sobre as pessoas que sofrem de algum tipo de perturbação ou desorganização mental. Muitas vezes, essas pessoas são vistas como “diferentes”, “fracas” ou “perigosas”, o que alimenta uma cultura de incerteza, de medo e de bastante isolamento. Essa perceção distorcida não é apenas prejudicial, mas também infundada.
A saúde psicológica é uma parte integral do bem-estar humano e, assim como qualquer condição de saúde física, pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, raça ou classe social. Ninguém escolhe estar com gripe ou ter diabetes, como ninguém escolhe ter depressão, ansiedade, ou outras condições psicológicas.
Um dos principais efeitos do estigma é a relutância em procurar tratamento. Muitos que sofrem de problemas psicológicos sentem-se envergonhados, culpados e sem esperança ou temem ser rotulados, o que leva a evitar a procura de ajuda especializada. Assim, o estigma não apenas limita a procura pela ajuda necessária, como também perpetua um ciclo de silêncio e de sofrimento agravados. Vários estudos mostram que o estigma pode levar a um agravamento dos sintomas, tornando o tratamento mais difícil. E tal como qualquer patologia, quanto mais cedo for o diagnóstico, melhor será o prognóstico.
A falta de intervenção precoce não só compromete a qualidade de vida, como também sobrecarrega os sistemas de saúde que já enfrentam desafios significativos. Além disso, o estigma na saúde mental reflete-se na sociedade como um todo. Várias vezes ouvimos piadas, representações negativas nas redes sociais e uma linguagem que desumaniza aqueles que lutam contra esses desafios. Recordo que, ao perpetuar mitos e estereótipos, contribuímos para um ambiente que dificulta a aceitação da própria pessoa e dos mais próximos.
O aumento da literacia e a sensibilização são fundamentais para mudar essa narrativa, promovendo uma visão mais empática e informada sobre as perturbações mentais, o que irá promover o aumento da procura de ajuda em fases mais precoces e melhores tratamentos.
Uma abordagem eficaz para combater o estigma é fomentar diálogos abertos e honestos sobre saúde mental.
Quando as pessoas compartilham experiências, quebram-se barreiras e criam-se espaços seguros para a discussão. Poderá ser igualmente importante combater a vontade de isolamento. Quando existe um problema de saúde psicológica podemos sentir vontade em ficar sozinhos durante muito tempo. É primordial que procuremos pessoas significativas da nossa vida e falar sobre a situação. Celebridades e influenciadores que falam abertamente sobre as suas lutas com a saúde psicológica desempenham um papel crucial nesse processo, mostrando que não estamos sozinhos e que é possível procurar ajuda.
Além disso, as instituições de saúde, autarquias, escolas e locais de trabalho devem implementar políticas que promovam a inclusão e o apoio à saúde psicológica. A prevenção começa com a consciencialização de que os problemas existem e, por isso, o acesso facilitado a recursos de saúde podem ajudar a criar ambientes mais acolhedores e menos julgadores.
Em suma, o estigma na saúde mental é um desafio que precisamos enfrentar coletivamente. Ao promover a educação, a empatia e a aceitação, podemos ajudar a criar um mundo onde as pessoas se sintam mais seguras para procurar ajuda e compartilhar as suas experiências sem medo de julgamento.
A saúde psicológica deve ser tratada com a mesma seriedade que a saúde física, e é da nossa responsabilidade quebrar as barreiras que impedem essa discussão vital. Um diagnóstico de perturbação mental não tem de moldar toda a nossa vida e pode ser uma parte menor da nossa identidade e da nossa história. Juntos, podemos mudar a narrativa e construir uma sociedade mais saudável e inclusiva.
Psicólogo
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