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O que está em jogo
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2025 é ano de eleições autárquicas. Esperam-se várias mexidas nos 308 municípios e nas mais de 3000 freguesias de Portugal, por razões que vão de mudanças de ciclo à saída de cena de autarcas que atingiram o limite de três mandatos. Pese embora alguns acabem escalados para outras autarquias, entrando na tão comum e portuguesa dança de cadeiras, característica intrínseca da nossa forma de fazer política, sobretudo autárquica.
Existe muito mais do que se pensa em jogo. A política autárquica é, por várias ordens de razões, o terreno mais fértil e fácil para a prática de crimes como o suborno, o tráfico de influências e, claro, a corrupção, logo um poder muito apetecível. E quanto mais pequena, interior ou isolada é uma autarquia, mais fácil se torna assaltá-la.
Porque a oposição tende a ser mais fraca e subfinanciada, e o trabalho de monitorização das contas e acções da autarquia fica muito aquém do necessário.
Porque a comunicação social é pouca ou inexistente, e muitas vezes manietada pelo partido dominante.
Porque o poder tende a estar concentrado anos demais no mesmo partido, criando vícios na administração pública, na contratação e na aquisição de bens e serviços.
E porque as ramificações do poder local influenciam e muitas vezes controlam o emprego, o funcionamento do comércio, o sector imobiliário (que leva a sucessivos atropelamentos e alterações do PDM, ao gosto do freguês) e organizações locais, como clubes de futebol ou associações. A teia que se cria, no limite da legalidade, e, por vezes, para lá dele, tende a cristalizar e a anular a democracia nestes meios, onde o partido dominante, regra geral PS ou PSD, se transforma numa pequena monarquia, autocrática, nepotista e delinquente.
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Em jogo estão também equilíbrios de influência.
Sobretudo num momento em que PSD e PS vêm de duas eleições que resultaram em empates técnicos. Importa saber quem ganha, quem passa a controlar a ANMP, que vence os municípios mais populosos e estratégicos, quem sucede a Rui Moreira no Porto e se o polémico Carlos Moedas é afastado por uma coligação alargada à esquerda.
Em cima destes desafios, o PSD procura sucessores para 3 autarcas-estrela: Carlos Carreiras, Ribau Esteves e Ricardo Rio estão de saída de Cascais, Aveiro e Braga, respectivamente. Autarquias que, para o PSD, são absolutamente estratégicas. E Luís Montenegro precisa de uma vitória expressiva. Ainda não teve nenhuma.
O PS depara-se com o mesmo problema. Basílio Horta está de saída de Sintra e Eduardo Vítor Rodrigues de Gaia. Os municípios mais populosos do país, a seguir a Lisboa. E tal como Montenegro, também Pedro Nuno Santos necessita urgentemente de um balão de oxigénio que lhe permita afirmar-se.
O PCP, em queda livre há várias eleições, joga muito do seu futuro nestas autárquicas. Outrora uma potência do poder local (chegou a controlar 55 autarquias em 1982), o partido tem vários autarcas em limite de mandatos, em municípios importantes como Évora, Alcácer do Sal e Palmela, e tem difíceis batalhas pela frente, sobretudo em Setúbal. Se a recente hecatombe nas Legislativas se repetir, podemos estar perante mais um prego no caixão do mais antigo partido português.
Existe curiosidade em torno do resultado que o CH vai alcançar. Em 2021, conseguiram eleger 19 vereadores, mas em menos de 2 anos já tinham perdido 9. Será interessante perceber se o partido consegue apresentar candidatos aos 308 municípios, quem vai a jogo nas autarquias mais importantes e quantos consegue eleger. Acima de tudo, será interessante perceber se há vida para lá da guerrilha urbana em formato Tiktok.
Será igualmente interessante acompanhar e perceber o quão vivo continua o CDS, quão morto está o BE e se partidos como o Livre e a IL já conseguiram sair da bolha litoral das grandes cidades. Mas tudo se resume ao embate PS vs PSD, à sobrevivência do PCP e a capacidade de expansão local da Unipessoal André Ventura.
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Também no nosso concelho há muito em jogo. E jogadores com aspirações de voos mais altos.
Do lado do PSD, importa saber, em primeiro lugar, se a coligação será para manter. Ou se o PSD se sente, fruto das vitórias expressivas em 2017 e 2021, capaz de avançar sem o CDS. E, se for o caso, se o CDS tem condições para avançar com uma candidatura própria.
Será igualmente interessante acompanhar o processo de sucessão. Quem será o sucessor de Sérgio Humberto? António Azevedo foi ambíguo na entrevista dada a este jornal, Luís Paulo tem capital político para avançar, pese embora a hostilidade do humbertismo, e figuras como Isabel Cruz ou Alberto Fonseca poderão igualmente ser opção. Fora estes 4, não existe mais ninguém com o capital político necessário para avançar. Mas isso não será entrave, como o desfecho de 2013 veio provar.
Do lado do PS, o tema da sucessão está resolvido. Amadeu Dias sucede ao próprio na qualidade de candidato à presidência da câmara. Interessa saber que equipa apresentará, quem será o seu candidato à Assembleia Municipal e que figuras poderão estar na calha para as juntas. A única que parece certa é mesmo a de Guidões, pela notoriedade de Nuno Félix e pelo reconhecimento da população do seu trabalho em prol da muito ansiada desagregação.
Falando em freguesias, PSD e PS têm dois pesos pesados para substituir, ambos em final do terceiro mandato. Em Bougado, o PSD precisa de encontrar sucessor para Luís Paulo. A escolha poderá recair em António Barbosa. Já no Coronado, o PS tem a difícil missão de encontrar um substituto para liderar o seu único bastião, agora que José Ferreira está de saída. E perceber o que fazer com o capital político acumulado pelo presidente da junta do Coronado, actualmente o actor político mais relevante dos socialistas no nosso concelho. A presidência da AM poderá ser uma hipótese.
Nas restantes freguesias, é expectável que Alexandra Ferreira e José Fernando Martins consigam a reeleição, não apenas por serem incumbentes, mas pelo historial de votação esmagadora à direita nas freguesias de Covelas e Muro. A dúvida reside em Alvarelhos e Guidões, agora desagregadas, cujo presidente em funções, Lino Maia, atingiu o limite máximo de mandatos. Quem serão os candidatos? Alvarelhos manter-se-á como bastião laranja? Voltará Guidões para a esfera do PS?
Não demorará muito até que comecemos a conhecer as respostas às muitas perguntas aqui levantadas. Em Março já devem ser conhecidos os principais protagonistas da corrida autárquica. Uma coisa é certa: 2025 será um ano de muitas mudanças no xadrez autárquico local.
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O ano, como se prevê, será animado. Políticos de porta a porta, festas e porcos no espeto, distribuição em massa de brindes e todos os estratagemas que bem conhecemos. Será também um ano de intrigas, de fake news nas redes sociais e, quiçá, de novas ferramentas de propaganda. Faça stock de pipocas, caro leitor, que a coisa promete.
Até lá, quero desejar-lhe um grande ano de 2025, para si e para os seus, com muita saúde, sucesso profissional, alegria, momentos memoráveis e tudo de bom.
Muito obrigado por estar desse lado.- Leia a notícia em www.onoticiasdatrofa.pt
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