Santo Tirso
Santo Tirso quer plano de mobilidade com rede intermunicipal de transportes e ciclovias
Um projeto traçado para colocar a cidade mais amiga dos peões e do ambiente e em articulação com outros municípios.
Oito milhões foi o investimento estimado pela Câmara Municipal de Santo Tirso para executar, até 2023, um plano de mobilidade sustentável que tem como grandes pilares a reorganização do estacionamento e do espaço público, a construção de ciclovias e a aposta nos transportes públicos intermunicipais.
A apresentação do plano decorreu no espaço Imod, da Fábrica de Santo Thyrso, com a presença do secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, na tarde de terça-feira, 7 de fevereiro. As linhas mestras do projeto foram esmiuçadas pelo responsável técnico, António Babo, que revelou a “hiperdependência do automóvel” e a necessidade de haver um reordenamento do espaço público, hoje desenquadrado com as necessidades da população. Mas mais do que “criar mais lugares de estacionamento que privilegiem residentes e trabalhadores na cidade”, a autarquia vira as atenções para a mobilidade sustentável, com a melhoria dos acessos pedonais e construção de ciclovias que não estejam exclusivamente viradas para a prática de desporto ou lazer, mas que sejam um meio que sirva a população no percurso casa-trabalho, e vice-versa, e possibilite o acesso a diversos equipamentos públicos.
Está, por isso, em marcha, a construção de quatro percursos cicláveis. A ciclovia central ligará a rotunda Timor Lorosae e o Juncal e, segundo o presidente da Câmara Joaquim Couto, “já está em fase de concurso público”. Já a ciclovia do Sanguinhedo propõe-se ligar a rotunda Sousa Cruz à Fábrica de Santo Thyrso, enquanto a ciclovia de Geão ligará a Praça Conde S. Bento à Unidade Industrial do Freixieiro.
Paralelamente, a autarquia prevê também criar na cidade uma ciclovia das escolas, sendo que o acesso a estes estabelecimentos foi amplamente estudado para se evitar momentos de sufoco rodoviário. António Babo explicou que as intervenções junto às escolas passarão pela reformulação do espaço de estacionamento de automóveis e de bicicletas, a construção de paragens de autocarros e a criação de espaços “kiss and ride”, ou seja, uma zona de estacionamento temporário para os pais pararem os carros para deixar os filhos.
Criar rede intermunicipal de transportes
Mas esta preocupação com a mobilidade sustentável vai mais além do que é o território de Santo Tirso. Até neste capítulo o executivo municipal de Santo Tirso considera ser possível conciliar com outros municípios e, por isso, iniciou diligências, que segundo Joaquim Couto “estão em bom andamento”, para a criação de ciclovias que liguem o concelho aos da Trofa e de Vila Nova de Famalicão. Trata-se de uma “solução supramunicipal”, tão defendida por Joaquim Couto.
Para complementar, Santo Tirso prepara também “um projeto inovador” para a criação de uma rede, também intermunicipal, de transportes, com interface para os vários meios disponíveis. “Trata-se de uma gestão global adequada às necessidades das pessoas. Os três municípios (Santo Tirso, Trofa e Famalicão) gastam seis a sete milhões de euros com transportes escolares. Este dinheiro será muito mais útil se ajudar a financiar essa rede, criando uma escala de 400 mil habitantes, que tenha alguma ponderação para que os operadores privados e públicos possam ter um nicho de mercado. Traduz-se num financiamento conjunto entre municípios, com ou sem fundos comunitários, com tarifário único e otimização dos recursos técnicos e financeiros”, afiançou Joaquim Couto.
O autarca considerou a presença do secretário de Estado importante, porque defende que esta solução “tem de ser alargada a todo o País”, porque “há um conjunto de problemas em cada município que, cada um por si, não tem escala suficiente para o resolver”.
Esta rede de transportes poderá estar a funcionar “dentro de um ano e meio a dois anos” e, mais tarde, incluir os concelhos de “Guimarães e Vizela”, frisou o edil tirsense.
O secretário de Estado gostou do que viu e até abriu portas para futuros apoios ao nível da Administração Central. “Vê-se aqui uma grande preocupação em oferecer soluções de mobilidade de baixo carbono, uma grande preocupação em articular com outros municípios. Os operadores que possam um dia operar um sistema tal como se procura definir com Santo Tirso e outros municípios vizinhos podem aceder a apoios no sentido da recuperação das rotas. O Estado tem, através de fundos comunitários um aviso aberto de 60 milhões de euros para este fim, assim como o apoio ao nível do tarifário, que poderá compensar os utilizadores”, afiançou José Mendes.
Segundo a autarquia, “ainda a nível intermunicipal, está a ser desenvolvido com Guimarães a criação de um novo acesso de Vila Nova do Campo à estação ferroviária de Lordelo, sempre numa lógica de analisar caso a caso a necessidade de criar parcerias estratégicas em benefício dos utentes”.
Do ponto de vista da intermodalidade, “está a ser trabalhada a integração do cartão Andante (o título para os transportes públicos da Área Metropolitana do Porto) com os transportes públicos, que numa primeira fase começará a funcionar com a rede da CP”.
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