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Troca de profissionais entre hospitais obriga ao fecho da urgência de Santo Tirso

Segundo fontes ouvidas pelo Jornal do Ave, há profissionais de saúde que estão a sair da esfera da ULS por incompatibilidades com a chefia.

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Durante o mês de agosto, o Hospital de Santo Tirso voltou a encerrar o serviço de urgência em várias noites, consequência da deslocação de médicos para o Hospital de Famalicão e de dificuldades em completar as escalas. A situação dos dois hospitais tem acendido o debate político a um mês das eleições.

Durante o mês de agosto, o serviço de urgência do Hospital de Santo Tirso esteve várias vezes encerrado, no período noturno, situação que ocorre com alguma regularidade desde há cerca de dois anos.

O Jornal do Ave sabe que, em várias situações, a escala estava assegurada, mas a transferência dos profissionais de saúde para o Hospital de Famalicão acabava por obrigar ao encerramento do serviço, que, noutras ocasiões funcionou apenas com um médico. Estas decisões, segundo fonte ouvida pelo Jornal do Ave, tomadas em cima da hora, levou o CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes), por exemplo, a indicar o transporte de doentes para Santo Tirso, quando o serviço de urgência estava fechado, obrigando a nova deslocação para outra unidade de saúde.

Contactada, a administração da Unidade Local de Saúde do Médio Ave, que gere os dois hospitais, admitiu que “foi necessário proceder ao encerramento do Serviço de Urgência Básico da Unidade Hospitalar de Santo Tirso da Unidade Local de Saúde do Médio Ave em algumas noites”, sempre durante o período noturno, “em consequência de dificuldades inesperadas para o preenchimento das respetivas escalas médicas (prestadores de serviços)”. A maioria dos casos, acrescenta, ocorreu “face a impedimentos de última hora que, por isso, não foi possível resolver em tempo, sobretudo num período de férias”.

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Segundo fontes ouvidas pelo Jornal do Ave, há profissionais de saúde que estão a sair da esfera da ULS por incompatibilidades com a chefia. A questão sobre quantos profissionais deixaram de trabalhar na ULS ficou por responder, mas a administração garantia, a 18 de setembro, que “o quadro clínico tem sido reforçado” e a expetativa é que a situação já se encontra normalizada”.

No entanto, no dia anterior, houve quem esperasse e desesperasse na sala de urgência do Hospital de Famalicão.

Magda Mendes diz que o marido ficou “13 horas” a aguardar atendimento, quando lhe foi aplicada pulseira amarela, acabando por desistir. “Depois de muitas horas à espera, pedi explicações na receção, só me diziam que o serviço estava muito atrasado”, documentou a utente, a quem disseram que “havia apenas um médico de clínica geral”. “Chamaram a chefe de serviço que repetiu a mesma coisa, ou seja, que havia poucos médicos no serviço e que se eu quisesse saber porquê teria que ir perguntar àqueles que deixaram o SNS”, acrescentou Magda Mendes que, antes de sair da urgência sem ver o marido atendido, acabou por registar “no livro amarelo” o descontentamento por uma situação que “nunca tinha visto em 50 anos de vida”.

Hospitais tem sido tema de debate político

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Tanto em Santo Tirso como em Famalicão, a situação dos hospitais públicos tem sido tema de debate político entre candidatos às eleições autárquicas.

No concelho tirsense, o cerne concentra-se na anunciada, mas ainda incerta, transferência da gestão para a Santa Casa da Misericórdia. Enquanto as candidaturas à esquerda proclamam a suspensão do processo e uma efetiva aposta no Serviço Nacional de Saúde, com reforço do investimento no Hospital de Santo Tirso, à direita, os candidatos aplaudem a decisão do Governo de Luís Montenegro.

Sabe-se que o Ministério da Saúde, dirigido por Ana Paula Martins, encomendou um estudo sobre a viabilidade da transferência, cujos resultados só se conheceriam depois das eleições legislativas, mas certo é que, quatro meses depois, ainda nada se sabe.

Já em Vila Nova de Famalicão, o debate polarizou. À esquerda, há quem aponte para uma situação de vulnerabilidade que pode, inclusive, ditar o encerramento do Hospital local, enquanto à direita, se acenam com “investimentos programados” para a unidade famalicense.

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À margem de uma reunião do Conselho da Comunidade, realizada a 11 de setembro, Mário Passos, presidente da autarquia e candidato pela coligação Mais Ação, Mais Famalicão (PSD/CDS-PP) anunciou a realização de um “estudo técnico independente solicitado pelo Município” que confirmou “o potencial de crescimento das atuais instalações do Hospital de Famalicão, através da ampliação do edifício para novas valências hospitalares e inclusivamente para estacionamento público de cerca de três centenas de lugares”.

Na mesma reunião, António Barbosa, presidente do conselho de administração da ULS do Médio Ave anunciou que o Hospital de Famalicão tem em curso cinco candidaturas (PRR/PT2030), num valor superior a 12 milhões de euros, para a modernização das atuais instalações, nomeadamente, para a aquisição de novos equipamentos hospitalares e novo mobiliário, para a construção de duas salas cirúrgicas, para a renovação das áreas de internamento pediátrico e da unidade de esterilização e para a melhoria da eficiência energética do edifício.

“Investimentos fundamentais para a eficiência dos serviços de saúde prestados aos famalicenses”, declarou o responsável.

Já Eduardo Oliveira, candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Famalicão, é mais pessimista e considera mesmo que está em causa o encerramento da unidade hospitalar pública no concelho. “A oferta na área da saúde de uma boa resposta em proximidade e qualidade é cada vez mais relevante e a população de Vila Nova de Famalicão e do Médio Ave precisa de garantias sólidas de que não ficará com um hospital fragilizado, esvaziado de valências e incapaz de responder às crescentes necessidades da população”, argumentou o também enfermeiro daquele hospital, que critica o silêncio da autarquia sobre o processo de transferência do Hospital de Santo Tirso à Misericórdia.

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Segundo Eduardo Oliveira, o ciclo eleitoral tem travado medidas impopulares, mas que, sem pressão política imediata, após as eleições o Hospital de Famalicão poderá ser esvaziado de funções, em prejuízo dos 250 mil habitantes da região.

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