Crónicas & Opinião
Vozes da Psicologia | Afinal, é stress ou ansiedade?

Antes de mais, importa clarificar que os dois podem estar associados à saúde psicológica, e que podem ser adaptativos ao nosso bem-estar. Numa sociedade orientada para a produtividade, os dois conceitos tornaram-se palavras comuns no nosso léxico e, muitas vezes, misturam-se naquilo que pode ser a sua definição.
Todavia, importa entender que, apesar de serem frequentemente confundidos, estes dois conceitos apresentam características distintas. O stress é uma resposta natural do corpo a situações desafiadoras, e visa promover o foco e concentração na tarefa. Pode ser desencadeado por fatores externos ou internos, como prazos no trabalho, trânsito, problemas familiares, entre outros fatores. Em pequenas doses, o stress pode ser motivador e até mesmo benéfico, impulsionando-nos a alcançar os objetivos e a superar desafios. Contudo, quando se torna crónico, pode ter efeitos muito prejudiciais sobre a saúde física e mental, contribuindo para doenças cardiovasculares, distúrbios do sono e outros problemas de saúde mental.
Já a ansiedade, é uma resposta psicofisiológica normativa a uma situação perigosa, que provoca medo e, por isso, nos mantém em alerta. Note-se que, a ansiedade pode persistir mesmo na ausência da ameaça real imediata, o que pode levar à persistência da sintomatologia durante muito tempo, principalmente antes do fator que desencadeia a resposta ansiosa. Relativamente os sintomas podem ser várias as manifestações da ansiedade, nomeadamente através de reações físicas, cognitivas e comportamentais, podendo variar de pessoa para pessoa e de situação para situação. Embora a ansiedade assuma uma extrema importância no nosso funcionamento, outras vezes, pode tornar-se bastante perturbadora.
Devido a um conjunto de fatores, como a situação causadora, as características do contexto e a conjugação de traços da personalidade, aquilo que era uma ansiedade “positiva” e adaptativa pode tornar-se uma ansiedade patológica, originando uma perturbação de ansiedade. Este tipo de perturbação surge quando a pessoa sente que a reação ansiosa é desproporcional em relação ao verdadeiro nível de perigosidade da situação desencadeadora, quer na sua intensidade, quer na frequência. A pessoa passa a desviar o foco da fonte de perigo e passa a direcionar para as sensações internas percecionadas.
Desta forma, enquanto o stress é uma reação a uma situação específica, a ansiedade pode manifestar-se como um sentimento de apreensão ou preocupação constante, mesmo quando não há uma causa aparente ou imediata. Pode-se dizer, que a ansiedade assenta em dois grandes pilares: o da incerteza e o da catastrofização. Enquanto o primeiro surge pelo desconhecido, pela preocupação excessiva de algo futuro, o segundo vem tornar toda essa situação desastrosa e negativa. Num grau exagerado, a ansiedade pode paralisar a pessoa, levando-a a evitar as situações, e interferir significativamente na qualidade de vida. É importante salientar que, embora o stress e a ansiedade possam coexistir, a forma como cada um deles se manifesta e se pode resolver podem ser bastante diferentes. Enquanto o stress pode ser aliviado com a resolução do problema ou a redução de exigências, a ansiedade requer uma abordagem mais profunda, que pode incluir terapia, medicação e/ou mudanças de estilo de vida.
A crescente prevalência de ambos os fenómenos na nossa sociedade deve ser uma chamada à ação. Precisamos de promover uma maior compreensão sobre a saúde psicológica e de desestigmatizar a procura de ajuda. Devido ao seu carácter subjetivo, é fundamental que cada um de nós aprenda a reconhecer os sinais e sintomas do stress e da ansiedade nas nossas vidas, de modo a potenciar contextos mais saudáveis, funcionais e adaptativos. Algumas práticas como a meditação, o exercício físico, uma alimentação saudável e uma melhor gestão no (ab)uso das redes sociais podem ser ferramentas valiosas para gerirmos melhor o nosso bem-estar emocional.
Em suma, o stress e a ansiedade são realidades que afetam todos nós, e compreendê-los e abordá-los de forma adequada pode fazer toda a diferença. Relembro que a saúde psicológica deve ser uma prioridade, e a nossa capacidade de enfrentar os desafios da vida depende da maneira como lidamos com estes dois fenómenos.
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