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Vozes da Psicologia | Burnout: Um desafio que exige atenção

“O burnout é um desafio contemporâneo que requer preocupação. “

Jornal do Ave

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O termo “burnout” tem assumido cada vez mais destaque na área da saúde psicológica. Mas afinal, o que é o burnout e quando deve ser um sinal de alarme? Originado do inglês, o termo refere-se à sensação de exaustão física e emocional resultante da exposição ao stress crónico, relacionado à vida profissional. Embora muitos possam associar o burnout a um estilo de vida acelerado e exigente, é crucial reconhecer que essa condição é muito mais que um simples cansaço. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), esta perturbação é um tipo específico de stress ocupacional, ou seja, de stress provocado pelo trabalho.

Este fenómeno, é um reflexo das exigências do trabalho moderno, mas também das expectativas que a própria sociedade impõe sobre as pessoas. A pressão pela alta produtividade, a competição e a falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal contribuem para um ambiente propício ao esgotamento emocional, que depois se reflete no físico. Um dos aspetos mais preocupantes desta síndrome, é que para além de afetar a saúde psicológica das pessoas, afeta também aspetos físicos como a fadiga extrema, insónias, dores musculares, enxaquecas e problemas alimentares. Quando estamos em burnout, podemos também sentir menor realização e motivação profissional, avaliamo-nos de forma mais negativa, tal como avaliamos como mais negativa a nossa situação no trabalho, menor bem-estar e satisfação com a vida em geral e deterioração das relações sociais e familiares.

Sabemos que a causa é multifatorial, mas os fatores mais comuns são a carga de trabalho superior à capacidade do profissional, a falta de autonomia e controlo nas tarefas, o baixo propósito nas tarefas, realização de tarefas emocionalmente exigentes, horários contínuos excessivos, existência de poucas ou nenhumas horas de pausa para descanso, conflitos e má relação entre colegas e superiores, dificuldades de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, problemas familiares e características do próprio individuo.

A falta de uma intervenção precoce pode levar a um ciclo vicioso em que a pessoa se sente cada vez mais incapaz, o que resulta numa queda da produtividade e no aumento do absentismo e do presentismo. O impacto do burnout não se limita apenas à própria pessoa, mas também aos colegas, já que pode ser “contagioso”. Vários estudos mostram que o desânimo e a pressão podem ser transferidos, impactando colegas e organizações, que também sofrem consequências, nomeadamente na descida da motivação, no aumento de custos com saúde e a perda de talentos, acarretando custos elevados para as empresas. Resultados de 2022 estimam que os custos devidos ao absentismo e presentismo causados pelos problemas de saúde psicológica chegaram aos 5,3 mil milhões de euros, em Portugal.

Para enfrentarmos esta crise, é fundamental que tanto as pessoas, quanto as organizações adotem uma abordagem proactiva de melhoria. As empresas devem promover um ambiente de trabalho saudável, que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Para isso, podem incluir políticas de flexibilidade de horário, programas de bem-estar e gestão de stress, apoio psicológico, promoção de um ambiente que valorize a saúde dos colaboradores, entre outros. Igualmente importante, os líderes devem ser treinados para reconhecer os sinais de burnout e oferecer suporte aos colaboradores, proporcionando um espaço seguro para que as pessoas possam expressar as suas preocupações e inseguranças.

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Cada pessoa tem também um papel importante na prevenção do burnout. Aprender a estabelecer limites, praticar a autocompaixão, procurar apoio psicológico quando necessário são passos fundamentais. A prática regular de exercício físico e o cultivo de atividades de autocuidado fora do trabalho podem contribuir significativamente para a manutenção da saúde.

O burnout é um desafio contemporâneo que requer preocupação. Apenas através de um esforço conjunto entre indivíduos e organizações poderemos criar ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis, de modo a promover a produtividade, mas também a qualidade de vida. A saúde psicológica não deve ser uma preocupação secundária, mas sim o centro das nossas prioridades.

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